Após protesto e confusão na Câmara Muncipal de Campo Grande ontem (14) pela manhã, profissionais da cultura na Capital anunciaram que vão protestar novamente na tarde desta sexta-feira (15), em frente à Prefeitura Municipal. Desde ontem, eles reclamam sobre a falta da publicação de editais há mais de dois anos e que os recursos previstos para atender o setor em 2024 está longe do ideal.
Nesta semana, a prefeitura da Capital anunciou o balanço dos investimentos previstos para o ano que vem na área da cultura. De acordo com o novo edital, a previsão é que o Fundo Municipal de Investimentos Culturais (Fmic) e o Programa de Fomento ao Teatro em Campo Grande (Fomteatro) terão valor de R$ 4 milhões, mas, de acordo com a coordenadora do Fórum Municipal de Cultura, Romilda Pizani, esse valor não é o suficiente.
"Não nos atende enquanto classe artística, tendo em vista que nós tivemos aí dois anos sem editares. E mais, o valor ideal para atender a cultura passa dos R$ 10 milhões por edital. Nós estamos falando de uma população com quase um milhão de habitantes hoje na capital e, para que essa população tenha acesso à cultura, nós precisamos ter investimento. E esse investimento precisa, inclusive, reconhecer esse número populacional e a cadeia produtiva que isso atinge", afirmou.
Os vereadores já haviam aprovado um aditivo de R$ 2 milhões aos editais, mas, mesmo assim, a cifra fica longe da ideal para o setor. A cultura tem diversas demandas e, entre elas, está a necessidade de investimentos para as produções culturais nas artes cênicas, dança, música e na literatura.
A estilista Nair Gavilan atua junto a outros profissionais levando a cultura para as periferias de Campo Grande há mais de dois anos, por meio de oficinas, shows de teatro, circo, cinema, cursos de costura, curso de crochê e muito mais. Ela, que é atuante no setor, fala sobre a importância da cultura na vida da população.
"A cultura é paralela à educação. A gente fala muito que a educação transforma, mas a educação ensina e a cultura transforma. É visível que, sem a educação e sem a cultura, a violência chega de uma forma bem mais fácil até a casa das pessoas da periferia. A cultura tem esse poder maravilhoso de transformar a vida de muitas pessoas, não só de quem produz, mas de quem recebe, de quem assiste e de quem participa. Um artista sair de casa e trabalhar com qualquer arte é transformador para ele e para quem está perto", conta.
Na câmara, os manifestantes do setor pediram a publicação de editais e o pagamento de R$ 8 milhões em recursos públicos para o próximo ano.
Após o protesto, para atender o pedido dos profissinais, o vereador Ronilço Guerreiro (Podemos), que também é presidente da Comissão Permanente de Cultura da Casa, firmou um compromisso com os manifestantes de realizar uma reunião com o secretário municipal de governo, João Rocha, para buscar mais investimento para o setor.
Enquanto os profissionais da cultura aguardam resposta do poder público, as manifestações continuam, como destaca a liderança Romilda Pizani.
"Nossas ações não terminaram, nós estaremos em frente à Prefeitura Municipal de Campo Grande, no canteiro, a partir das 15h fazendo uma concentração para descermos em marcha silenciosa, um ato de paz com cartazes, dizendo tudo o que estamos solicitando em relação a política cultural do nosso município, ou seja, nós não vamos nos silenciar e nem nos calar, mas, estamos sim aguardando uma resposta para que então a gente possa definir em plenária do segmento cultural do município quais serão os nossos próximos passos", concluiu.
Confusão
E durante o protesto dos profissionais da cultura na Câmara municipal, o vereador Thiago Vargas (PSD) pediu a palavra e usou o discurso para se referir aos manifestantes como desempregados, causando indignação por parte dos manifestantes.
Ao o término da sessão, o presidente da Câmara Municipal, vereador Carlão, falou sobre a confusão e a punição cabível ao político.
"Teve exagero dos dois lados, tinha um senhor da cultura também xingando os vereadores e gritando lá e a gente contornando, pedindo paciência. Aí chegou o Thiago Vargas com a carteira de trabalho, ele é direita e acha que o pessoal da cultura é esquerda. Teve excesso da parte do vereador, […], com certeza teve excesso, a mesa diretora vai fazer uma advertência por escrito, que é a única coisa que cabe nesse sentido, advertência por escrito, se ele insistisse, continuasse a perturbar o andamento da sessão, aí a mesa diretora pode pedir a retirada do vereador de plenário. A gente vai fazer uma reunião na terça-feira (19) para tratar vários assuntos, inclusive esse, porque a advertência", disse.
Em resposta à Rádio CBN Campo Grande nesta manhã, o vereador Thiago Vargas informou que não retira nenhuma palavra, que não se arrepende de nada e que mantém o posicionamento. Segundo ele, o grupo de manifestantes não representa a cultura. O vereador informou ainda que, para 2024, serão R$ 8 milhões de reais para atender a cultura.
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