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Mato Grosso do Sul está prestes a dar um salto significativo na exportação de carne bovina com a consolidação do corredor bioceânico. A nova rota, que conecta Porto Murtinho a portos do Chile pelo Oceano Pacífico, promete reduzir custos logísticos e o tempo necessário para que produtos sul-mato-grossenses cheguem a mercados internacionais, especialmente na Ásia.
Atualmente, o estado exporta cerca de 360 mil toneladas de carne bovina ao Chile, utilizando trajetos mais longos que envolvem passagens pelo Paraná, Rio Grande do Sul e Paraguai.
Com a conclusão do corredor, o caminho será encurtado, passando por Porto Murtinho, Carmelo Peralta (Paraguai), Argentina e, finalmente, Chile. Essa mudança pode trazer ganhos expressivos de competitividade para o setor.
Além do mercado chileno, há grande expectativa para a abertura de novas oportunidades de exportação para países asiáticos como China e Japão, que são grandes consumidores de carne bovina.
A utilização do corredor bioceânico diminuirá em até 7 mil quilômetros e 20 dias o tempo de transporte, quando comparado às rotas atuais via Porto de Santos ou pelo Canal do Panamá.
Logística e desafios em destaque
Segundo Sérgio Capucci, vice-diretor do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de MS (Sicadems), o novo corredor será estratégico para ampliar exportações para o Chile e Peru.
“Já para outros mercados globais, a viabilidade econômica dependerá da competitividade dos custos logísticos no novo corredor de exportação”, destacou.
No setor de transportes, Cláudio Cavol, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas de MS (SETCEMS), ressaltou a importância da infraestrutura e de avanços nos trâmites aduaneiros.
“Atualmente, os caminhões podem levar de 7 a 8 dias apenas para cruzar Mato Grosso do Sul e o Paraguai, passando por diferentes etapas burocráticas nos dois países. Para que a Rota Bioceânica seja eficaz, é essencial evitar longos períodos de espera nas aduanas”, afirmou.
Cavol também destacou o início da capacitação de motoristas para atuar no transporte internacional. Em Jardim, a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) já formou a primeira turma de profissionais especializados em logística para a nova rota.
Infraestrutura e perspectivas econômicas
A concretização do corredor bioceânico depende de investimentos na infraestrutura rodoviária nos quatro países envolvidos. Estradas bem sinalizadas, postos de apoio e suporte logístico ao longo do trajeto são apontados como essenciais para o sucesso do projeto.
A construção da ponte binacional entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, atualmente com 65% das obras concluídas, é uma das peças-chave para integrar os diferentes territórios.
Com a expectativa de aumento no fluxo de transporte entre 5% e 10% ao ano, o setor produtivo acredita que o corredor bioceânico poderá contribuir significativamente para o crescimento do PIB estadual.
Mato Grosso do Sul se posiciona como um dos principais corredores de exportação do país, com potencial para consolidar-se como um player estratégico no comércio internacional.
“Na prática, estamos testemunhando dia após dia, a realização do grande sonho de diferentes gerações, que contribuíram para que este projeto, complexo, ousado e inovador saísse do papel. Teremos um próspero corredor de exportações e importações, a partir da conexão viária entre o Centro-Oeste brasileiro e o Pacífico”, enfatizou o governador Eduardo Riedel.
Mais competitividade no mercado global
A redução de até 12 dias no transporte até Shanghai, na China (maior parceiro comercial do Brasil e maior das exportações do estado), e de até 7 mil quilômetros no trajeto entre Brasil e Ásia, pode tornar o Mato Grosso do Sul ainda mais competitivo no mercado global.
*Com informações do Governo de MS