
Apenas 24 horas após anunciar que o hospital estava entrando em colapso no atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), a Santa Casa de Campo Grande fechou as portas para o atendimento ortopédico, de pacientes encaminhados pela regulação do SUS.
Há pouco, o hospital encaminhou ofício direcionado à coordenação do Sistema de Regulação Hospitalar da Prefeitura de Campo Grande informando que realizou “o bloqueio da porta de entrada para pacientes ortopédicos encaminhados indefinidamente”. (Veja documento abaixo)
No início da manhã desta terça-feira (25), 69 pacientes aguardavam por cirurgia na Santa Casa. A direção técnica informou que, até ontem, os insumos hospitalares permitiram a realização de 20 cirurgias ortopédicas por dia, quando o esperado era de, no mínimo, 30 cirurgias por dia nessa especialidade.
O hospital é referência no atendimento ortopédico de alta complexidade no estado, sendo a instituição que mais recebe pacientes vítimas de politraumatismo, ou seja, em estado grave e gravíssimo.
A medida drástica, assinada pelo Diretor Técnico do Hospital, Dr. William Leite Lemos Júnior, garante que o hospital “manterá exclusivamente o atendimento de pacientes oriundos de emergência via Samu“, o Serviço Móvel de Urgência.
No documento, o responsável técnico pelo hospital volta a solicitar a transferência para outros hospitais de pacientes internados na Santa Casa, para que “recebam a assistência adequada e segura“.
A Secretaria Municipal de Saúde ainda não se pronunciou sobre essa decisão do hospital, que é responsável pelo maior volume de atendimentos a pacientes do SUS no estado e na região Centro-Oeste.
Ofício encaminhado pela Santa Casa
CRISE FINANCEIRA
Desde o ano passado, a Santa Casa de Campo Grande vem registrando déficit mensal nas contas do hospital. Segundo a direção, os repasses do SUS não cobrem o volume de atendimentos realizados devido, principalmente, à defasagem nos valores dos procedimentos.
Esse subfinanciamento estrutural teria se agravando ao longo dos anos e o hospital enfrenta, atualmente, um déficit de R$ 158 milhões, o que tem causado a paralisação de serviços essenciais, como cirurgias e consultas, deixado pacientes nos corredores, além de acumular dívidas com fornecedores e equipes médicas.