
No Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, comemorado nesta segunda-feira (28), o engenheiro de segurança Albertoni Martins reforçou, em entrevista ao programa Microfone Aberto, durante o quadro Saúde é Massa, da Massa FM Campo Grande, a necessidade urgente de repensar a cultura de segurança nos ambientes de trabalho.
Com mais de 20 anos de experiência na área, Martins destacou que, apesar dos avanços, os números de acidentes continuam preocupantes e exigem ações mais efetivas.
Entre 2012 e 2024, o Brasil registrou mais de 8,8 milhões de acidentes de trabalho, com custos superiores a R$ 173 bilhões, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho.
Em Mato Grosso do Sul, somente em 2023, foram mais de 12,3 mil registros de acidentes e 69 mortes, com Campo Grande liderando o ranking estadual e figurando como o 14º município do país com mais casos.
Para o engenheiro, o crescimento econômico do estado — impulsionado por setores como a construção civil e o agronegócio — aumentou também a exposição aos riscos. “O volume de negócios cresceu e, com ele, a quantidade de horas trabalhadas e o número de pessoas em operação. Isso amplia as possibilidades de acidentes, se não houver um planejamento adequado”, afirmou.
Quedas, choques elétricos e fraturas: riscos persistentes
Martins apontou que as quedas de altura são as principais causas de acidentes graves no estado, seguidas por choques elétricos e lesões nos membros superiores, especialmente braços. E o perigo não se restringe a grandes obras.
“Qualquer atividade acima de um metro e meio já oferece risco grave. Em obras pequenas, como reformas residenciais, também são necessárias medidas de segurança equivalentes às de grandes construções”, explicou.
De acordo com a legislação brasileira, trabalhos realizados acima de dois metros exigem a implementação de protocolos rigorosos de segurança. No entanto, muitas vezes o risco é subestimado tanto por empregadores quanto por trabalhadores.
Negligência e baixa percepção de risco
Durante a entrevista, Albertone chamou atenção para um fator cultural que ainda compromete a segurança: a negligência individual. Mesmo com equipamentos de proteção disponíveis e exigências formais, muitos trabalhadores optam por ignorar os protocolos em atividades consideradas “rápidas” ou “simples”.
“É uma questão de percepção de risco. Recebemos o trabalhador como um bebê: ele precisa aprender a reconhecer o perigo passo a passo“, destacou.
O especialista também alertou que os jovens trabalhadores, na faixa dos 18 a 24 anos, são os mais vulneráveis aos acidentes, muitas vezes por falta de experiência ou de formação adequada sobre segurança no ambiente de trabalho.
Saúde mental: o novo desafio
Além dos riscos físicos, Martins apontou outro problema crescente: os afastamentos por questões de saúde mental. Segundo ele, Campo Grande já apresenta números relevantes de trabalhadores afastados devido a problemas como ansiedade e depressão, cenário que se repete em todo o país.
“Isso começa nos pequenos escritórios, não é só nas grandes empresas. Precisamos refletir sobre a criação de ambientes de trabalho mais saudáveis também nesse aspecto”, defendeu.
Reflexão necessária
Para Albertoni Martins, a segurança no trabalho precisa ser encarada como um compromisso permanente e coletivo. “Mais do que cumprir normas, é preciso mudar a cultura. Cada vida preservada é uma conquista”, concluiu.
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