Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), em quase dois meses, Campo Grande registrou 97 casos de hepatite A. O número expressivo de casos confirmados já é considerado um surto pelas autoridades em saúde.
“Esse surto não está acontecendo apenas em Campo Grande ou em nosso estado; é um surto que ocorre desde o final do ano passado em alguns estados brasileiros e, mais recentemente, na região do Paraná e em Curitiba. A partir disso, começamos a monitorar a doença no nosso município com base nos rumores que vêm surgindo e nas informações repassadas pelo Ministério da Saúde. Campo Grande ficou de 2018-2019 sem nenhum caso até 2023 de hepatite A. E, de repente, houve um aumento significativo ao longo deste ano. Isso nos chamou a atenção, por isso emitimos alertas epidemiológicos, informando toda a nossa rede de saúde, seja ela pública ou privada, e a população”, explicou a Superintendente de Vigilância em Saúde da Capital, Veruska Lahdo.
Conforme Veruska, além das consequências da doença, o que mais preocupa é que a transmissão se dá basicamente por dois principais meios: contaminação oral/fecal — relacionada à higiene — ou através da relação sexual desprotegida.
“A hepatite A tem grande relação com a questão de higiene, saneamento básico, e sua transmissão é fecal/oral, ou seja, através de fezes contaminadas. Locais onde não há uma rede de esgoto tratada são um complicador. Fizemos coleta de água nos endereços de alguns pacientes para verificar a qualidade da água. Não houve alteração, então a água está própria para consumo humano. Temos um alto índice de saneamento básico na capital, quase 90% da cidade é coberta, o que é muito importante. A contaminação, talvez, ocorra mais pelo contato íntimo, sexual […] Quando falamos de contato sexual, não é só a hepatite que se transmite; por isso, o uso do preservativo é essencial para prevenir diversas doenças”, frisou Veruska.
Entre as formas de prevenção à hepatite A, a superintendente destacou a higienização adequada dos alimentos. “Lavar bem e higienizar os alimentos, preferir alimentos mais cozidos do que crus, higienizar muito bem as mãos antes de manipular esses alimentos. Em relação ao contato sexual, o uso do preservativo é fundamental”.
Para entender o surto da doença na Capital, a Sesau está realizando um trabalho de busca ativa dos pacientes. “Foi criado um questionário para que possamos verificar essas informações e transmiti-las ao Ministério da Saúde”.
O pedido de informações é feito por meio de um link enviado por mensagem aos pacientes. Até o momento, apenas 19 pessoas responderam ao questionário.
Coqueluche
Outra doença que está no radar da Vigilância em Saúde na Capital é o aumento de casos confirmados de coqueluche.
Conforme os dados da Sesau, somente este ano foram confirmados cinco casos da doença em Campo Grande. Os registros preocupam, pois a Capital não registrava casos da doença há mais de três anos.
“Acreditamos que as baixas coberturas vacinais e as viagens que as pessoas fazem para localidades com aumento de casos de coqueluche possam estar contribuindo para trazer a doença até nós”.
Veruska também comentou sobre as complicações, os principais sintomas e as formas de prevenção à doença.