De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), 51,3% da população de Mato Grosso do Sul residiam em domicílios próprios já pagos em 2022. Esse percentual é o terceiro menor do Brasil, atrás apenas de Goiás (50%) e do Distrito Federal (47,9%).
A comparação com edições anteriores da Pnad Contínua indica uma tendência de redução gradual da casa própria já paga, que perdeu 8,4% entre 2016 e 2022.
Segundo o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi), Geraldo Paiva, a principal causa dessa redução é o aumento dos juros, que cresceu 7,5% nos últimos três anos. "O aumento dos juros de da Selic automaticamente reflete nos juros de mercado de imóveis, de financiamento para imóveis, e fez com que a maioria das pessoas, principalmente classe média e média baixa, se afastassem desse mercado", disse Paiva.
Outro fator que contribui para a redução da casa própria quitada é a queda da produção de imóveis em Mato Grosso do Sul. "A produção de imóveis está em queda há alguns anos, desde um pouco antes da pandemia. Com a pandemia de Covid-19, as famílias tinham medo de adquirir casa pois não sabiam se continuariam no emprego", apontou o presidente do Secovi.
Indo na contramão da tendência
Apesar da redução da propriedade de imóveis, há casos de pessoas que conseguiram conquistar a casa própria em 2023. É o caso do publicitário Flávio Domeniche. "A decisão de comprar minha casa própria foi um sonho de longa data", disse Flávio. "Foi um processo de planejamento que levou muitos anos."
Locação como alternativa
Cerca de 23% da população de Mato Grosso do Sul mora de aluguel. Segundo Geraldo Paiva, a locação é uma forma de atender as pessoas que não conseguem comprar a casa própria.
"A locação é uma forma das pessoas não morarem em situação insalubre. Em Campo Grande, existe uma cultura de origem árabe, as famílias têm muitos imóveis para a locação de renda", disse Paiva. "Isso acaba atendendo, de certa forma, esse mercado que não está conseguindo comprar."