A partir da primeira semana de outubro, apenas carnes provenientes de animais machos será considerada elegível para exportação para União Europeia e Reino Unido. As novas diretrizes foram publicadas através do Ofício Circular Nº 24/2024, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
A restrição da exportação de fêmeas ficará em vigor até que um protocolo privado seja implementado, com o objetivo de garantir que as fêmeas não tenham sido tratadas com ésteres de estradiol durante o processo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Entidades tem até dia 5 de outubro para apresentar protocolo que garanta o cumprimento das exigências.
A empresária Aline Rohr, trabalha diretamente com certificação e rastreabilidade de bovinos para a Europa e explica que esta restrição representa 15% do total de animais enviados para o continente europeu e trará grandes impactos principalmente para os produtores de fêmeas. "As pessoas podem pensar assim, 'nossa, 15%, mas é muito pequeno'. Mas a gente não pensa no 15%, a gente deve pensar no produtor que investiu no seu sistema de criação apenas de fêmeas, apenas de novilhas, que faz uma recria de fêmeas para desmama ou de animais para engorda […] Esse animal vai continuar tendo um custo dentro de uma fazenda Europa, porque ele vai continuar tendo que ser rastreado, ele vai ter que continuar sendo certificado, porém ele não vai ganhar nenhuma bonificação", explica Aline.
A Associação Brasileira das Empresas de Certificação por Auditoria e Rastreabilidade (Abcar), está desenvolvendo o protocolo que certificará as propriedades que produzem fêmeas livres do uso de estradiol. Entre os pré-requistios que estão nas novas diretrizes está a identificação dos animais de até 12 meses de idade, para que seja feita uma separação dos animais. "Nós estamos segregando as fêmeas entre usaram ou não o estradiol, então vão haver alguns pré-requisitos né um deles é que o animal seja identificado até os seus 12 meses de idade seja ele é por compra ou ou nascimento na fazenda nascimento […] É uma diretriz que queremos garantir que o produtor tenha o protocolo de IATF dentro da sua propriedade", pontua Aline.
O estradiol é usado no processo de reprodução bovina, em que a fêmea entra em cio induzido. Segundo a médica veterinária, Ana Bezerra, esses hormônios utilizados tem em sa bula o período de carência para que o animal seja destinado ao abate. "A Europa traz essa nova determinação suspendendo a compra, por falta de uma regulamentação que determine quais os critérios da segurança dessa carne", enfatiza Ana Bezerra.
Em agosto de 2024, as exportações brasileiras de carne bovina para a União Europeia apresentaram um crescimento significativo de 27,9%, atingindo US$ 57,6 milhões. O volume exportado também registrou aumento de 27,7%, com 7.960 toneladas embarcadas.