RÁDIOS
Campo Grande, 13 de setembro

Enxame de abelhas migratórias é exterminado em via pública na Capital

Ação vai contra o Tratado de Preservação das Abelhas, assinado pelo Brasil no G5

Por Lígia Sabka
27/08/2024 • 11h30
Compartilhar

No final da tarde dessa segunda-feira (26), a presença de um grande enxame de abelhas em um ponto de ônibus, em Campo Grande, levou o Corpo de Bombeiros a isolar o local para evitar acidentes.

As abelhas da espécie Apis mellifera estavam migrando e acabaram fazendo uma parada no teto da estrutura localizada em frente à Casa da Mulher Brasileira (CMB), na rua Brasília, próximo ao aeroporto da Capital, no Jardim Imá.

A reportagem da Rádio CBN Campo Grande passou pelo local por volta das 17h30 e constatou que o enxame estava com pouca movimentação devido à queda de temperatura e aos ventos na região.

CBN: BANNER DIGIX 01.01 A 30.06.2024
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os bombeiros informaram que não houve o registro de acidentes e que a corporação foi acionada por um funcionário da CMB. Em nota enviada à nossa produção, os bombeiros alegaram que as abelhas seriam exterminadas se permanecessem ali, oferecendo risco às pessoas.

Durante a noite, retornamos ao local e encontramos o enxame incinerado. Na manhã desta terça-feira (27), algumas abelhas ainda agonizavam no chão e os cones de sinalização deixados pelos bombeiros no dia anterior para demarcar a área de risco, já haviam sido removidos. (veja fotos abaixo)

O que chama a atenção neste caso é que, segundo os bombeiros, não houve registro de ataque das abelhas e o enxame não foi removido por um especialista para um apiário ou mesmo para uma área de mata. 

A prática de exterminar com as abelhas vai contra os princípios do 'Tratado de Preservação das Abelhas', ao qual o Brasil é signatário juntamente com África do Sul, China, Índia e México - demais países membros do G5

O documento assinado pela organização internacional de potências emergentes prevê que, pelo fato de as abelhas desempenharem papel fundamental para o cultivo de determinados alimentos, a eliminação dos enxames representa risco à nutrição em nível global.

No Brasil, o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS), por exemplo, já não realiza mais o extermínio de abelhas há pelo menos dois anos. A medida veio após um inquérito instaurado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), na Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, para apurar os danos provocados à natureza em decorrência do extermínio de enxames nesse tipo de procedimento.

Os bombeiros gaúchos realizaram mudanças no Procedimento Operacional Padrão (POP) da corporação para o atendimento às ocorrências que envolvam abelhas naquele estado. O novo POP orienta o bombeiro a executar ações de remoção de enxames e, se não houver riscos, solicitar a presença de apicultores cadastrados. A eliminação dos insetos deve ser adotada apenas em casos de urgência.

O inquérito do MPRS, atualmente arquivado, constatou que a prática de extermínio de abelhas era comum no atendimento de ocorrências pelo Corpo de Bombeiros de Porto Alegre, mesmo havendo possibilidade de remanejo dos insetos para um local de preservação.

Nota do Corpo de Bombeiros Militar de MS em 26/8/2024

Sobre a ocorrência da presença de abelhas registrada na frente da Casa da Mulher Brasileira, se tratavam de abelhas migratórias que estavam ao entorno do ponto de ônibus. Fomos acionados por um servidor da Casa e, ao chegar no local, a nossa equipe isolou a área e orientou o Guarda Municipal que atua na Casa da Mulher.

Após o isolamento, local foi deixado aos cuidados deles, que ficou de nos acionar novamente no período noturno para avisar se as abelhas ainda estariam no lá e assim, a nossa equipe realizar o procedimento de extermínio.

É importante destacar que esse é o procedimento correto a ser adotado em casos como estes, já que as abelhas costumam fazer pausas para descanso durante o período migratório. Além do isolamento, orientamos a população a se afastar do local, retirar animais de estimação e evitar ações que despertem a movimentação do enxame.

COMO AGIR DIANTE DE UM ENXAME DE ABELHAS

Conforme apicultores consultados pela CBN Campo Grande, os enxames de abelhas temporárias, geralmente, não são agressivos. Entretanto, ao se sentirem ameaçadas ou incomodadas com o barulho ou perfumes fortes, as abelhas podem apresentar comportamento defensivo e atacar em grupo. 

O ideal é que a pessoa, ao se deparar com um enxame, evite movimentos bruscos ou gritar, pois isso pode irritar as abelhas ainda mais; procure se afastar lentamente, se movendo de forma suave, jamais correr; se puder, cubra rosto e pescoço com as mãos ou pedaço de tecido, pois são as áreas sensíveis do corpo; procure abrigo em algum prédio ou veículo e feche portas e janelas para evitar que as abelhas entrem também; tenha cuidado ao pular em piscinas ou rios durante um ataque pois as abelhas podem continuar voando por vários minutos sobre a água.

 

 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

Mais de CBN Campo Grande