RÁDIOS
Campo Grande, 19 de setembro

Indígena é morto em confronto com a PM em Antônio João

Governo de MS afirma que indígenas paraguaios armados cruzaram a fronteira para apoiar a ocupação dos Guarani-Kaiowá

Por Lígia Sabka e Karina Anunciato
18/09/2024 • 12h00
Compartilhar

Um indígena foi morto com um tiro na cabeça na manhã desta quarta-feira (18) durante um confronto com a Polícia Militar, em uma fazenda no município de Antônio João, em Mato Grosso do Sul, próximo à fronteira com o Paraguai.

O crime ocorreu em uma área de conflito agrário, entre produtores rurais e indígenas da etnia Guarani Kaiowá. Eles reivindicam a desapropriação da fazenda da Barra, com 9,3 mil hectares, para a demarcação do Terrritório Indígena Nhanderu Marangatu, homologada em 2005, no primeiro governo Lula.

A disputa pela posse das terras com os fazendeiros já dura pelo menos três décadas e, recentemente, uma decisão da Justiça Federal determinou que as forças de segurança permaneçam no local para garantir a integridade física e o direito à moradia de uma família de produtores que vive nessa fazenda.

Indígena morto durante o confronto Indígena morto durante o confronto - Foto: Aty Guasu

O processo sobre a posse da área está parado no Supremo Tribunal Federal à espera de uma decisão sobre o marco temporal.  A Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) confirmou o confronto e a morte do indígena, que ainda não teve a identidade divulgada. Pelo menos 100 policiais militares estão na região.

 

O secretário Carlos Videira, da Sejusp, disse que no local foi registrada a presença de indígenas paraguaios armados nessa ocupação e que o governo federal era informado a todo momento sobre a situação que teria se agravado nos últimos dias.

"Nós mantivemos o tempo todo o contato com os procuradores da FUNAI de Brasília e aqui de Campo Grande com essa preocupação de nós mantermos o policiamento, mantermos o cumprimento da ordem. Mas o confronto era iminente porque muitos dessas pessoas, que se dizem indígenas, é mais do território paraguaio. Estavam armados e, de dentro do mato, atirando no sentido das equipes policiais. Então, hoje, houve um confronto e uma pessoa veio a óbito. As equipes da perícia estão indo para o local para nós buscarmos a identificação, se é indígena, se é indígena brasileira, se é indígena paraguaia", afirmou Videira.

Uma equipe da Polícia Federal de Ponta Porã foi enviada para apurar a situação e realizar a perícia no local do confronto.
 

Nota do Governo de MS

O governador Eduardo Riedel realizou uma reunião com integrantes da Segurança Pública do Mato Grosso do Sul para esclarecimentos sobre morte de um indivíduo, inicialmente identificado como indígena da etnia Guarani Kaiowá, no município de Antônio João, nesta quarta-feira (18). O óbito ocorreu depois de um confronto e troca de tiros com a Polícia Militar em uma região rural da cidade, na fronteira com o Paraguai.

O secretário estadual de Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, esclareceu que os policiais militares que estão no local (100 homens) cumprem ordem judicial (da Justiça Federal) para manter a ordem e segurança na propriedade rural (Fazenda Barra), assim como permitir o ir e vir das pessoas entre a rodovia e a sede da fazenda. O conflito na região se arrasta há anos, no entanto a situação se acirrou nos últimos dias.

Além da disputa por terra, também foi apurado pela inteligência policial que há interesses de facções criminosas relacionadas ao tráfico de drogas, já que há diversas plantações de maconha próximas a fazenda, do lado paraguaio, pois a região está na fronteira entre os dois países.

As equipes de perícia já estão no local da morte para devida identificação e apuração dos fatos. Foram apreendidas armas de fogo com o grupo de indígenas que tentava invadir a propriedade e todo este material será coletado para formação de um relatório que será entregue em Brasília.  

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

Mais de CBN Campo Grande