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Campo Grande, 07 de julho

Pantanal enfrenta maior seca dos últimos 40 anos

Cenário é delicado no bioma que não teve período de cheia em 2024

Por Mateus Adriano
04/07/2024 • 08h30
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A situação crítica do Pantanal, que sofre com as queimadas há mais de um mês, está relacionada com a falta de água na região. O cenário é delicado há bastante tempo. Mais precisamente, desde 2019, quando começou a maior crise hídrica dos últimos 40 anos no Pantanal.

Uma maneira fácil de detectar um período de seca no bioma é analisando o nível de água do Rio Paraguai. Ele não pode estar abaixo dos quatro metros. Mas segundo a especialista em Conservação do Fundo Mundial Para a Natureza no Brasil (WWF-Brasil), Helga Correa, o nível do rio não passou sequer de um metro em 2024.

É claro que Pantanal é feito de ciclos e nós estamos na época do ano em que a seca é esperada. O problema é que, mesmo no período que deveria ser de cheia, entre os meses de outubro e abril, a água ficou muito abaixo do que se espera no bioma. Foram 400 mil hectares de superfície coberta, segundo estudo do WWF-Brasil.

A título de comparação, no período de estiagem do ano passado, entre maio e setembro, a água cobria cerca de 440 mil hectares. Ou seja, na prática, não houve cheia em 2024.

Segundo Carlos Padovani, pesquisador da Embrapa Pantanal e especialista nos ciclos do bioma, os números atuais são resultados de anos secos. “Talvez esse ano seja mais crítico que todos os outros. É uma sequência de anos secos. Em 2023 o nível se elevou um pouco, choveu um pouco mais na bacia e houve uma pequena cheia de quatro metros. Porém, logo depois, de 2023 para 2024, o período chuvoso foi muito abaixo da média e nós entramos no novo período de estiagem com muito pouca água no sistema, tanto no nível dos rios, das cabeceiras, quanto dentro do próprio Pantanal. Onde as águas dos rios não chegam”.

A consequência disso são os incêndios fora de controle. O especialista afirma que o Pantanal não irá secar totalmente, mas alerta que eventos extremos podem ocorrer com maior frequência. “Em função das mudanças climáticas, podem ocorrer eventos extremos com maior frequência. Então, talvez, eventos como estiagem e grandes inundações, podem vir a acontecer com mais frequência e, por isso, a preocupação”.

Ainda de acordo com o estudo do WWF-Brasil, só a cidade de Corumbá já perdeu mais de 20 mil hectares de superfície de água desde 2021. Os dados vão de encontro com o estudo do MapBiomas que mostra que Mato Grosso do Sul e Mato Grosso foram os estados que mais perderam água no Brasil em 2023.

O Pantanal em específico, já secou 50% desde 2018 e é o bioma brasileiro que mais perdeu água desde 1985.

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