Apesar de toda riqueza e industrialização, Três Lagoas tem um lado que poucas pessoas conhecem, o da pobreza.
A crise econômica, a inflação e o derretimento da renda dos brasileiros causaram estragos, especialmente nas camadas mais humildes da sociedade. Diante de tudo isso, está cada dia mais difícil para as famílias sobreviverem dignamente. Em Três Lagoas, 15 mil famílias vivem com renda de até meio salário mínimo, segundo dados do Cadastro Único para Programas Sociais do (CadÚnico), do governo Federal.
Três Lagoas que é a Capital Nacional da Celulose, uma das cidades mais industrializadas do Estado, também tem um lado que poucos conhecem, o da pobreza. Para se ter uma ideia, 21 mil famílias estão cadastradas no CadÚnico. O programa reúne um conjunto de informações sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza e extrema pobreza.
No entanto, de acordo com a técnicas da Secretaria de Assistência Social de Três Lagoas, nem todas as famílias que estão no CadÚnico estão em situação de pobreza, já que o programa permite o cadastro de pessoas com renda de até três salários mínimos.
Das 21 famílias três-lagoenses cadastradas no CadÚnico, 5.425 são consideradas de extrema pobreza, ou seja, tem renda per capta de até R$ 105. Em situação de pobreza, são 3.264 famílias com renda per capta de R$ 106 a 210.
Três Lagoas tem ainda 6.398 famílias com renda de R$ 211 a R$ 606. Famílias que recebem acima de meio salário mínimo e um salário mínimo, somam 5.246 e acima de um salário mínimo, são 1.311 famílias.
Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas divulgada no mês passado mostrou que houve aumento de pessoas em situação de pobreza no Brasil. E diante do atual cenário econômico do país, está cada dia mais difícil para as familiais sobreviverem.
Outra situação que é possível se deparar em Três Lagoas é com pontos de favelização. Famílias que alegam não ter condições de pagar aluguel ocuparam duas áreas, uma particular, na saída de Três Lagoas para Brasilândia e outra da prefeitura no bairro São João.
A área particular foi ocupada há mais de 5 anos e já virou um bairro. A proprietária entrou com ação de reintegração de posse na Justiça, mas até hoje não teve decisão e já virou um bairro. Em relação a área pública, a ação de reintegração de posse também está na Justiça.
De acordo com a professora e doutora em geografia da UFMS, Edima Aranha, em razão da industrialização e da chegada de pessoas em busca de oportunidades, esta situação já era prevista em Três Lagoas. A professora destaca que é preciso políticas públicas e um projeto habitacional para resolver essa questão.
Em relação a ocupação dessas áreas, a Prefeitura de Três Lagoas informou que aguarda decisão da Justiça, pois enquanto não houver sentença a administração não pode, por exemplo, levar infraestrutura para essa área participar que foi ocupada na saída para Brasilândia. Em relação a área particular, a prefeitura diz que uma decisão do STF que proíbe, neste momento, a reintegração de posse.
Ainda de acordo com a prefeitura, a administração municipal tem acompanhado a situação dessas famílias, inclusive visitas têm sido feitas nos locais pelas equipes da Assistência Social. Além disso, diz que está na fase da elaboração do Plano Municipal de Habitação o qual deve mostrar qual é a realidade habitacional de Três Lagoas. A partir daí, é que ações devem ser definidas em relação a habitação no município.
Confira a reportagem especial transmitida no RCN Notícias: