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Agrotóxicos

‘A imprensa ainda não entendeu como ocorre cada liberação’

Ministra da Agricultura revela que governo tem planos para autorizar o uso de mais produtos químicos na agropecuária

“Vamos liberar mais, sim!”, diz Tereza Cristina - Luciene Arakaki/CBN
“Vamos liberar mais, sim!”, diz Tereza Cristina - Luciene Arakaki/CBN

A polêmica na liberação do uso de mais produtos químicos por produtores agropecuários pode estar longe do fim, após debates de ecologistas, técnicos em meio ambiente, políticos e membros do governo sobre autorizações da Anvisa para a venda de defensivos agrícolas. Só neste ano, o governo autorizou a oferta de mais 200 rótulos de produtos, e é criticado por isso. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina Corrêa Dias, vê exagero, desinformação e irresponsabilidade na divulgação de notícias em torno disso. E cobra mais cuidado da imprensa para não alarmar a sociedade e atrapalhar negócios do país – o que seria interessante e benéfico apenas para países concorrentes. 

Jornal do Povo – Como a senhora avalia que será o desenvolvimento da indústria láctea no Estado, agora, com a abertura do mercado chinês?
Tereza cristina Corrêa Dias –
Desde 2007 o Brasil pedia para abrir esse mercado. Eles são os maiores importadores de lácteos do mundo. O Brasil produz 600 milhões de toneladas de leite por ano e a China importa 800 milhões [de toneladas]. Essa é uma grande oportunidade e vai equilibrar o mercado brasileiro. Hoje vivemos às turras com o Mercosul, porque Uruguai e Argentina exportam para o Brasil, e o preço, aqui, vai lá embaixo. O produtor [brasileiro] vive um péssimo momento, vendendo a R$ 0,30 a menos por litro de leite. Conseguimos abrir o canal de comunicação com a China e recriar a credibilidade perdida. Acho que, agora, temos uma grande possibilidade de exportar queijo. 

JP –  A senhora vai à Câmara dos Deputados, no dia 7 de agosto, explicar a liberação de agrotóxicos. A imprensa e o produtor compreendem isso? 
Tereza –
 É um assunto técnico. A própria imprensa ainda não entendeu isso. Você sabe que tem um lado ideológico muito grande. Nós estamos liberando exatamente o que vem sido liberado no passado. Vamos liberar mais, sim! Essa “fila” está parada não sei há quantos anos. Temos mais de mil produtos com pedido de registro. A Anvisa nunca mudou sua maneira de estudar. É uma responsabilidade muito grande. Precisamos mostrar com mais transparência e governança o que tem sido feito. A grande maioria desses produtos são genéricos. São  as mesmas moléculas. Mais gente fazendo esse produto, mais concorrência e o produto fica mais barato. Existe muita manipulação dos dados. É uma maneira de aterrorizar a sociedade inconsequentemente. A sociedade acaba achando que está consumindo de maneira inadequada. A pior praga que existe nisso é a desinformação.  

JP – É difícil trabalhar com declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, que geralmente causam polêmica?  
Tereza –
O presidente é uma pessoa absolutamente com seus propósitos. Ele fala o que ele pensa. Foi eleito falando e defendendo as bandeiras que ele está defendendo hoje. Alguns podem não gostar, mas ele fala a verdade. As pessoas estão cansadas de políticos que não falam a verdade. Ele é um parceiro da agricultura. Todas as vezes que eu levei problemas para ele para serem resolvidos no campo da agropecuária ele foi solidário e solícito. A mim não tem atrapalhando. Quando tem um assunto mais polêmico eu converso com ele. Ele é aberto ao diálogo. Ele ouve. Não tenho nenhum motivo para achar que esse governo não está fazendo o dever de casa. Tem muita coisa para ser feita. Estamos saindo de uma crise que foi a maior do últimos 100 anos, mas muitos esqueceram. Acham que em seis meses e meio tem que resolver.