Veículos de Comunicação

Editorial

A velha novela do transporte urbano

Leia editorial publicado no Jornal do Povo neste sábado (29)

Leia editorial publicado no Jornal do Povo neste sábado (29) - Divulgação
Leia editorial publicado no Jornal do Povo neste sábado (29) - Divulgação

Mais uma vez surge a ameaça de suspensão do transporte coletivo na cidade. Entra empresa e sai empresa e a arenga se repete com a alegação de que numa cidade de mais de 130 mil habitantes não há usuários suficientes para manter em circulação ônibus de transporte coletivo. E com essa conversa, os detentores da concessão cobram e querem receber mensalmente uma importância indenizatória da Prefeitura pelo que acham que poderiam receber como compensação do empreendimento a que se lançaram. A administração pública geralmente acaba cedendo.

E assim, vai o dinheiro do povo para o bolso da empresa que nunca atende satisfatoriamente, por mais que receba à título de ressarcimento pelo serviço que deveria prestar com eficiência e qualidade  para os moradores da cidade. Falar que não existem passageiros em número suficiente para garantir receita que remunere a prestação do serviço de transporte urbano é duvidoso. Mas, o fato é que não há porque o município continuar tentando conceder para ser explorado comercialmente esse serviço de onde num círculo vicioso entram e saem concessionários exploradores, sempre, dizendo que não conseguem obter lucro.

A questão da mobilidade urbana é um direito dos cidadãos aos quais o poder público tem o dever de assegurar. A partir desta premissa, tardam estudos na busca de alternativas para garantir o transporte urbano de pessoas, principalmente, para as que moram em bairros mais distantes tanto do centro comercial da cidade, como de escolas, postos de saúde e hospitais, pois pessoas de todas as faixas etárias querem utilizar um transporte rápido, sustentável e com baixa emissão de poluentes.

O Jornal do Povo em editorial recentemente publicado em uma das edições no mês de abril citou como exemplo a cidade de Maricá no interior do estado do Rio de Janeiro, onde dando início a projeto de gratuidade do transporte urbano o prefeito adquiriu ônibus movidos à energia elétrica e combustível, os quais se mostraram bastante econômicos. Foram implantadas três linhas de ônibus, partindo de bairros populosos para o centro da cidade. E, surpreendentemente, as estatísticas apontaram substancial aumento de usuários transportados e como consequência, o comércio apresentou um excelente incremento em suas vendas por conta da facilidade e do custo zero do transporte coletivo na cidade.

Certamente, aqui em Três Lagoas, se implantada a gratuidade do transporte urbano coletivo, ganhariam os usuários e o comércio com o crescimento no volume de vendas. E, assim  a própria municipalidade veria incrementada a arrecadação do imposto sobre circulação de mercadorias. Infelizmente, tarda o debate que deve envolver setores organizados da sociedade civil sobre a gratuidade da mobilidade urbana das pessoas, que inquestionavelmente assegurará aos cidadãos mais conforto em seus deslocamentos através de modernos e confortáveis ônibus coletivos oferecidos à população pela ação direta da administração pública municipal.

E como consequência, deixará o poder público de se submeter a pressões e ameaças para conceder subsídios para um serviço de má qualidade, que não atende satisfatoriamente o usuário e sequer cumpre com os horários estabelecidos para em pontos de espera para embarque e desembarque de passageiros do transporte coletivo, sem contar com o desconforto, a que estão submetidas as pessoas, incluída sujeira no interior desses ônibus e a falta de ar condicionado. Se nada for feito essa novela não terá fim.