A ALL/ Rumo suspendeu o transporte ferroviário em Mato Grosso do Sul, no trecho de 700 quilômetros que vai de Três Lagoas a Corumbá. Os trens de carga deixaram de circular neste trecho na última quarta-feira, dia 13 de maio e no sentido contrário, o último transporte está previsto para o dia 22 deste mês.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a empresa, que já havia desativado um trecho de 302 quilômetros entre Campo Grande e Ponta Porã, demitiu cerca de 100 funcionários nesta semana.
Ao Jornal do Povo, o representante do sindicato em Campo Grande, Willian Álvaro Monteiro, disse que na capital a empresa já desativou a oficina e mandou os funcionários embora. Em Três Lagoas, segundo Noracil de Melo Cerqueira, presidente do sindicato local, nesta semana quatro funcionários já foram demitidos.
De acordo com o sindicato, por enquanto, a empresa continuará fazendo o trecho de Bauru a Três Lagoas, transportando apenas celulose. O transporte de combustível para o Estado de Mato Grosso do Sul já está suspenso, através da malha de bitola estreita entre Paulínia/SP e Campo Grande. Para o sindicato dos ferroviários, está deliberação colocará mais caminhões nas estradas para transportar produtos perigosos. Esta situação, segundo o sindicalista Willian Monteiro, pode provocar o desabastecimento de combustível nos postos do Estado.
Ainda segundo ele, a tendência é de que futuramente a empresa deixe de operar o trecho de Bauru a Três Lagoas. “Vai depender se a empresa entende que é rentável para ela, por enquanto, continuará transportando a celulose precariamente, mas a qualquer momento pode parar de fazer este transporte, também”, comentou.
Em nota encaminhada ao Jornal do Povo, a concessionária informou que houve a necessidade de um ajuste em suas operações da métrica norte, envolvendo as áreas de mecânica e tração. No entanto, a companhia ressalta que ofereceu aos funcionários um pacote demissional, além das verbas rescisórias de lei, inclusive com cursos de capacitação, reciclagem técnica e consultoria para recolocação profissional. A empresa esclareceu, ainda, que suas operações dependem da demanda de mercado e que mantém uma comunicação transparente com os funcionários sobre suas diretrizes.
Para o representante do sindicato, a justificativa da empresa é um absurdo. “A empresa deixou de investir na malha ferroviária, o que compromete o transporte, agora alega que não é rentável, que Mato Grosso do Sul não dá lucro. Isso é um absurdo, porque existem muitos produtos para serem transportados no Estado. Olha a quantidade de soja que temos no Estado, além de combustível, celulose, enfim, essa justificativa da empresa é um absurdo. Quanto aos funcionários, a empresa propôs transferi-los para outras regiões. Você acha que a pessoa vai sair daqui, de perto da família para ir para outra região, onde não têm estrutura ?”, questionou.
De acordo com o sindicato, a desativação das operações e a suspensão de transporte, fere o contrato de concessão, além disso, concorre para a destruição do patrimônio público, gerando danos ao erário, bem como retira o direito de usuários de usarem o modal de transporte. O sindicato criticou ainda a Agência Nacional dos Transportes (ANTT), pois não há nenhuma ação efetiva deste órgão para coibir tais praticas lesivas ao interesse público. Por entender que são ilegais estas ações da concessionária ALL/Rumo, o sindicato reivindica que a ANTT adote todas as medidas necessárias, para que o trecho onde as operações ferroviárias foram suspensas seja reativado.