Segundo pesquisa do instituto Datafolha, a maioria dos brasileiros apoia um possível racionamento de água e energia. No levantamento nacional, 65% dizem apoiar a “adoção imediata” de um racionamento no setor energético.A pesquisa foi realizada entre os dias 3 e 5 de fevereiro, quando foram ouvidas quatro mil pessoas em 188 municípios do país.
O Jornal do Povo foi às ruas para saber a opinião do três-lagoense, se é a favor ou contra o racionamento de energia, ou se prefere continuar pagando alto pelo consumo na conta de luz.O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Montagem Industrial, Paulo Roberto de Paula, disse que as duas alternativas são radicais, considerando que a que a população está acostumada a esbanjar energia. Entretanto, entende que é melhor o racionamento até que tudo se normalize.
O vendedor, Gilson Pereira de Souza, de 43 anos, também defende um racionamento de energia, desde que não seja demorado para evitar transtornos. Souza disse que ficou assustado ao ver que o valor de sua conta de energia do mês passado foi para R$ 365. O aposentado, Luiz Amorim Bezerra, de 64 anos, disse que nem uma das opções atende os interesses da população. “O certo é não ter corte e a população economizar, pois ninguém aguenta ficar sem energia”, comentou.
A dona de casa, Drieli Sá, de 29 anos, disse que prefere pagar mais caro na conta de energia do que ficar sem ela, mesmo que por um período curto. A vendedora Ana Carolina, de 19 anos, também é contra racionamento de energia. Já o diretor da escola Bom Jesus, José Bento de Arruda, é favorável ao racionamento. “Porque com o racionamento nós vamos aprendendo a economizar energia e passaremos a ter uma nova cultura em relação ao assunto. Hoje não damos muita importância para o consumo, pois muitos nem sabem como é gerada a nossa energia”, comentou.
O aposentado Marques Neto, ex- vereador e prefeito de Brasilândia, também defende o racionamento de energia, diante do desperdício que a população está costumada. Já o ex-vereador, Celso Yamaguti, disse que não concorda nem com racionamento e nem em pagar mais caro na energia. “A classe política deveria ganhar menos, além de deixar de desviar dinheiro público. Deve-se investir melhorias no sistema, além de se buscar novas fontes energéticas com esse dinheiro”, opinou Celso.
O inspetor de soldas, Luiz Pinheiro é contra o racionamento de energia, pois disse que não abre mão do conforto, mas principalmente porque é um consumidor consciente. “Não fico esbanjando, se acendi a luz, apago”, comentou. A funcionária pública, Ana Martins, é a favor do racionamento de energia. “Isso significa uso mais racional, mais educação no uso dos recursos. O desperdício é cultural e muito comum em nosso país. Acho que podemos reduzir muito nosso consumo sem prejudicar nosso conforto”, declarou.
APAGÃO
No final do mês passado, o governo federal admitiu pela primeira vez que pode racionar energia, em razão dos níveis de água nos reservatórios no Sudeste e Centro- Oeste que, em janeiro, já era 39% menor do que em 2001, ano em que o Brasil sofreu um apagão. “Nós temos energia para abastecer o Brasil. É obvio que se nós tivermos mais falta de água, se nós passarmos do limite prudencial de 10% nos nossos reservatórios, aí estamos diante de um cenário que nunca foi previsto em nenhuma modelagem. A partir daí nós teríamos problemas graves, mas nós estamos longe disso”, declarou o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.
Para os entrevistados, nenhuma das opções, novo reajuste ou racionamento, atende à necessidade