Veículos de Comunicação

Oportunidade

Avanços no tratamento do SUS aumentam qualidade de vida do hemofílico

No Dia Internacional da Hemofilia, Ministério da Saúde apresenta balanço com os avanços da Política de Sangue e Hemoderivados

Para proporcionar assistência mais qualificada e maior qualidade de vida aos cerca de 12 mil hemofílicos brasileiros, a Política Nacional de Sangue e Hemoderivados, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, tem alcançado importantes avanços nos últimos anos. Uma das principais conquistas foi o início da oferta do Fator VIII Recombinante (Hemo 8-R), considerado o tratamento mais moderno para hemofilia A, com a marca da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás).

O Brasil é o terceiro país do mundo em número de portadores de coagulopatias (enfermidades do sangue). Diante deste cenário, desde 2004 a Coordenação-geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH) desenvolve uma política de atenção aos pacientes com coagulopatias hereditárias, trabalhando tanto no fornecimento de pró-coagulantes, quanto no fomento da assistência prestada a estes pacientes.

Desde 2011, o Ministério da Saúde passou a promover uma série de avanços na política de atenção aos pacientes com coagulopatias hereditárias que impactaram, de forma positiva, na qualidade de vida dos pacientes, com a implantação de tratamentos de Imunotolerância e Profilaxia Primária, de forma preliminar.

No mesmo ano, o tratamento domiciliar deixou de ser considerado de urgência e passou a ser um tratamento de prevenção e promoção à saúde, uma vez que foi recomendada pelo Ministério da Saúde a ampliação das doses domiciliares. A iniciativa proporcionou mais qualidade de vida ao paciente submetido ao tratamento, oferecido pelo SUS.

Em 2012, o Ministério da Saúde recomendou a Profilaxia Secundária, que passou a ser realizada de duas formas. Na modalidade de curta duração, o tratamento, com reposição do fator coagulante, é administrado de maneira intermitente por tempo determinado (3 a 12 meses) para tratamento de sangramentos frequentes e complicações. Pode ser aplicada a pacientes com qualquer uma das formas de hemofilia. Já na de longa duração, o tratamento de reposição é administrado de maneira periódica e ininterrupta a longo prazo (45 semanas por ano), iniciado após duas ou mais hemartroses (sangramento para o interior da articulação) ou após os dois anos de idade. A profilaxia secundária de longa duração é destinada somente a pacientes com hemofilia A ou B grave.

O conjunto das medidas adotado pelo Ministério da Saúde possibilitou, em maio de 2014, o reconhecimento da Federação Mundial de Hemofilia à Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde pela contribuição na promoção do cuidado e tratamento das pessoas com hemofilia e outras doenças hemorrágicas no Brasil.

Hemo 8-R

Considerado como o tratamento mais moderno no mundo para a hemofilia tipo A, o fator VIII recombinante, rotulado com a marca Hemo-8r, é resultado da parceria pública privada (P&P) firmada pela Hemobrás para transferência e desenvolvimento de tecnologia de produção deste medicamento em 2013. Em dezembro de 2014, os produtos resultado dessa parceria passaram a ser ofertados no SUS com a marca da Hemobrás. Foram distribuídas 542.500.000 UI de Fator VIII recombinante entre junho de 2013 e março de 2015. Entretanto, o Ministério da Saúde já disponibilizava o Fator VIII plasmático para o tratamento dos pacientes com Hemofilia A. Durante o ano de 2014, foram distribuídas 268.383.750 UI deste medicamento.

O medicamento plasmático é produzido a partir de proteína encontrada no plasma do sangue humano, mas em baixa quantidade. Já o recombinante é obtido por meio de engenharia genética. Ao contrário do fator plasmático, o recombinante tem produção ilimitada em laboratório e, por isso, pode ser oferecido para tratamento profilático (preventivo). Antes, o tratamento era praticamente restrito ao atendimento de emergência.

“Estamos utilizando esse tratamento (fator VIII recombinante) pela facilidade da produção, já que independe das doações de sangue, como acontece com o fator VIII plasmático. O país não tem como produzir o fator VIII plasmático para disponibilizar a todos hemofílicos. Não temos plasma das doações suficiente para gerar 600 milhões de unidades. O recombinante, veio, exatamente, para suprir essa carência da produção do fator plasmático”, explica o coordenador-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, João Baccara. Segundo o coordenador, fator VIII recombinante é mais fácil de produzir, pois não depende das doações de sangue. “Então, somado ao fator plasmático, o Ministério tem condições de ampliar a oferta dos produtos e o acesso dos hemofílicos ao tratamento”, complementa Baccara.

Em menos de dois anos foram distribuídos mais de 1,2 milhão de frascos do recombinante para os hemocentros de todo o Brasil. A distribuição de Fator VIII recombinante ocorre de forma regular com 35.000.000 UI/mês, o que corresponde a 70% da necessidade mensal de Fator VIII utilizado no tratamento dos pacientes com hemofilia A. Os outros 30% da demanda são atendidos com Fator VIII plasmático e distribuídos para pacientes acima de 30 anos de idade por questões de planejamento.

Em 2014, foram disponibilizados para a Hemorrede Pública nacional cerca de 625 milhões de UI de Fator VIII, superando a meta de 3UI per capita preconizada pela Federação Mundial de Hemofilia. No mesmo ano, as modalidades de tratamento Profilaxia Primária e Imunotolerância foram oficializadas em Portarias Ministeriais 364 e 478, respectivamente.