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Eleição

Campanha presidencial de 2018 foi atípica

As transmissões ao vivo na internet e as correntes de WhatsApp chegaram ao auge

Pela primeira vez, um movimento de mulheres se organizou e levou milhares às ruas contra um presidenciável - Arquivo/Agência Brasil
Pela primeira vez, um movimento de mulheres se organizou e levou milhares às ruas contra um presidenciável - Arquivo/Agência Brasil

Candidato esfaqueado, candidato preso substituído por outro na última hora – e  ambos líderes da disputa.  A campanha presidencial de 2018 chega ao fim inscrevendo esses e outros fatos inéditos na crônica da história recente.

Termina também abalando o prestígio do tradicional marketing político, batido pelas mensagens virais dos aplicativos – boa parte delas constituída pelo mais puro fake news.

Neste domindo nas urnas deverá se evidenciar ainda, conforme mostraram todas as pesquisas, que a polarização do eleitorado brasileiro, fortalecida no pleito de 2014 e no impeachment de 2016, tornou-se mais profunda e extensa.

Pela primeira vez, o principal embate alonga-se do campo da centro-esquerda – no qual PSDB e PT medem forças desde a década de 1990 – e chega à extrema-direita.

É nesse polo que se posiciona o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, primeiro colocado nas pesquisas. Em sua trajetória de 25 anos como deputado, Bolsonaro esforçou-se, ao privilegiar temas caros à agenda ultraconservadora, para ser o oponente preferencial da “ideologia esquerdista”.

Nessa condição, rivaliza-se hoje com Fernando Haddad, o amigo escolhido por Lula para substituí-lo e encabeçar a chapa do PT. Aqui verifica-se mais uma situação inusitada: os dois candidatos preferidos são também os que batem recorde de rejeição.  

A estratégia de Bolsonaro de se apresentar como estrela maior contra “tudo que está aí” foi facilitada pelo fato de o candidato não ter sido arrastado pela tsunami da Lava Jato – que tragou quadros do PT, PMDB, PSDB e também colegas do centrão do deputado do PSL.

Propaganda eleitoral

A eleição presidencial deste ano também soterra a crença de que um candidato já teria maiores chances de se eleger se tivesse tempo razoável de propaganda na TV e no rádio para apresentar um programa bem produzido e com mensagens eficazes.

Geraldo Alckmin (PSDB), que teve três vezes mais tempo de propaganda do que o PT, o segundo colocado, é o maior exemplo de que o horário eleitoral contou pouco. Alckmin saiu da campanha praticamente do mesmo tamanho que entrou.

Henrique Meirelles (PMDB), que gastou R$ 25 milhões do próprio bolso só com a produção de programas, também não decolou. Bolsonaro, entretanto, com míseros oito segundos, cresceu dia a dia nas pesquisas de intenção de voto.

Na campanha presidencial de 2018, as transmissões ao vivo na internet e as correntes de WhatsApp chegaram ao auge – algo que se desenhou em 2014. As redes sociais – e as notícias falsas que se propagam por elas – se consolidaram como meios de persuasão política.

Democracia

Saturados com o desemprego, violência e corrupção – temas sempre citados entre os cinco principais problemas do país -, os brasileiros chegam à sétima eleição direta para presidente apoiando fortemente a democracia.

Segundo pesquisa Datafolha, feita às vésperas do pleito, para 69% dos eleitores, a democracia é sempre a melhor forma de governo. Este foi, segundo o instituto, o índice mais alto registrado desde 1989, quando se realizou a primeira eleição direta logo após a promulgação da Constituição, que completou agora 30 anos. Em 1989, o índice era de 43%.

Um exemplo de que a democracia está mais viva do que nunca foi outro fato inédito ocorrido nesta campanha: pela primeira vez, um movimento de mulheres se organizou e levou milhares às ruas contra um presidenciável – no caso, Jair Bolsonaro.

Outra novidade que certamente marcará 2018 é a estoica campanha do nanico Cabo Daciolo (Patriota). “Não fiquei nas redes, não visitei comunidade alguma; só visitei os montes”, resumiu o candidato cujo lema mais repetido foi “Glória a Deus!”. (Com informações da Agência Brasil)