Teve início neste mês a construção do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Três Lagoas. A unidade, que prevê prestar os primeiros socorros a animais vítimas de atropelamento, será construída em área próxima ao quartel da Polícia Militar Ambiental (PMA).
De acordo com a fiscal Délia Villamayor Javorka, responsável pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) de Três Lagoas, o projeto surgiu devido ao aumento dos casos de atropelamento de animais silvestres nas rodovias estaduais e federais que cortam a cidade e região nos últimos anos, por conta do aumento do fluxo de veículos. “A demanda é crescente, como mostra os monitoramentos realizados por empresas como a Eldorado, a Fibria e a Petrobras. Em contrapartida, temos falhas no atendimento emergencial, ausência de material para primeiros socorros, no transporte e atendimento desses animais. O Cetas vem para suprir essa demanda. Ele será um braço do Cras [Centro de Reabilitação de Animais Silvestres], do Imasul de Campo Grande”, destacou.
A fiscal explicou que, em média, de três a quatro animais de todos os portes e espécies são atropelados nas rodovias de Três Lagoas todos os meses. Os animais considerados mais lentos, como o tamanduá e a anta, são as principais vítimas. Já entre as rodovias, a BR-262 aparece como a com maior índice de atropelamento de animais.
PROJETO
O projeto está orçado em R$ 1 milhão, recurso garantido através de uma parceria entre o Imasul e 11 indústrias instaladas em Três Lagoas. A empresa responsável pela execução do projeto, a Oficina Construtora, de São Paulo, deu início à obra no dia 2 de janeiro. O prazo para a conclusão previsto no projeto é de oito meses. No entanto, a expectativa é que o Cetas seja entregue e entre em funcionamento dentro de seis meses.
O CENTRO
O Cetas contará com uma área construída de 100m², onde serão instalados o escritório, copa, cozinha e o ambulatório. O projeto prevê também dois recintos, aberto e fechado, para a permanência temporária desses animais, com 50m²ao todo. O projeto também prevê uma praça de convivência com bancos e árvores e um mural, que será instalado na entrada e servirá de barreira para manter os animais livres da interferência do homem. É importante lembrar que não será um zoológico e nem destinando à visitação publicação”, destacou o responsável pelo projeto. O Cetas contará ainda com três recintos móveis (pequenas carretas, com licenças ambientais para viajar).
Após inaugurado, o Imasul dará início à segunda etapa do projeto, que será a de operacionalização do centro. Um dos passos será firmar parcerias com instituições de ensino, como a UFMS, que oferece o curso de Biologia, e faculdades que tenham o curso de medicina veterinária. “Queremos estagiários, mas há necessidade de profissionais habilitados e treinados para lidar com esses animais”, destacou.
Estradas do município carecem de passagens seguras para animais
A terceira frente de trabalho do Imasul, e segundo Délia, uma das mais demoradas, será a de tratar as causas dos atropelamentos. Uma das propostas é criar passagens nas estradas para que os animais atravessem em segurança. “Os maiores índices de acidentes são onde há reservas legais ou água, córregos. É natural que os animais estejam mais próximos dos locais. As rodovias precisam dos pontos de passagens de animais. A gente não pode tratar apenas do efeito do atropelamento, mas também das causas desses acidentes”, destacou.
Enquanto não são criados os corredores, a fiscal informou que o Imasul, em parceria com as empresas, dará continuidade ao trabalho de monitoramento desses animais e conscientização dos motoristas. A Eldorado, por exemplo, nesta semana iniciou o treinamento de 440 motoristas para despertar o respeito à fauna. A ação faz parte do projeto Rodobicho, desenvolvido através de uma parceria entre empresa, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Prefeitura de Três Lagoas. Além da conscientização, a ação visa o abastecimento, através de formulários preenchidos pelos motoristas, de um banco de dados sobre a fauna local.