Aproximadamente 40 pessoas representando organizações do município e também pessoas da sociedade comum estiveram reunidas no fim da manhã desta terça-feira, 26, para a 1ª Caminhada Contra o Racismo ou Qualquer Outro Tipo de Preconceito. A concentração dos participantes ocorreu na esquina das ruas Paranaíba e João Carrato, no centro de Três Lagoas.
Os manifestantes seguiram pela rua João Carrato, por aproximadamente três quadras, mas em silêncio, apenas tocando bateria e empunhando cartazes com frases de conscientização sobre o preconceito.
De acordo com o funcionário público, professor Breno César Gonçalves, o Nego Breno, 32 anos, a mobilização vem sido discutida na cidade desde meados de 2009/2010, na ocasião em que o vereador Idevaldo Claudino, teve um projeto de lei aprovado e sancionado, para a criação do Conselho do Negro, que só falta ter os membros nomeados pela prefeita Marcia Moura.
&saibaMas Breno lembra que, certamente o assunto reacendeu após duas funcionárias de um supermercado de Três Lagoas terem registrado boletim de ocorrência, contra um empresário, que teria as tratado de forma preconceituosa, usando de palavras racistas. O fato foi registrado no dia 16 de maio. “Essa caminhada não é específica por esse caso, mas impulsionou o tema. Não podemos deixar de frisar o fato ocorrido, mesmo porque a sociedade tomou conhecimento, mas cabe a Justiça cuidar do caso, se houve ou não o preconceito. Vamos voltar a cobrar a nomeação dos conselheiros”, destacou Breno, que é uma das pessoas que encabeçou a ação.
O professor lembra que, quem sofre preconceito deve chamar a polícia na hora, mas para ele, falta informação, uma vez que as pessoas desconhecem seus direitos. “Quero deixar claro que, a forma de racismo não é só com negros, mas com brancos, japoneses, obesos, enfim, as pessoas precisam se conscientizar sobre seus direitos e deveres”, avaliou. “Nunca passei por essa situação de preconceito, mas se acontecer, sei que vou conseguir administrar”, completou.
PAIS DA VÍTIMA
Os pais da jovem de 20 anos que teria sofrido o ataque de racismo por parte do empresário três-lagoense, participaram da caminhada.
A professora Elizabete Souza, 57 anos e o esposo, o papiloscopista Clodoaldo Castro, 59, disseram que a filha nunca havia passado por uma situação preconceituosa, como a registrada no supermercado e, pela jovem ter ficado abalada e ainda sofrer muito com o caso, eles resolveram aderir ao movimento.
A irmã da vítima, a professora Walma Castro, 28 anos, também estava na caminhada e falou que a irmã chorou muito no dia do ocorrido. “O caso ganhou grande repercussão. As pessoas debateram na rede social, criticando a postura desse senhor. Ele mexeu com uma família de pessoas estudadas”, ressaltou Walma.
Entre as organizações representadas no movimento estava o Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação em (Simted), Ordem dos Advogados do Brasil de Três Lagoas (OAB), Sindicato dos Bancários, Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Três Lagoas (Sintricom), Mães Guerreiras, Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação, Obras de Terraplenagem em Geral (SINTIESPAV), além dos vereadores Marcos Bazé, Adão José Alves – Adão da Apae e Idevaldo Claudino e comunidade em geral.
Além do Nego Breno, também estiveram envolvidos na organização da caminhada a fotógrafa Aurora Villalba; o compositor três-lagoense Sergio Alvarenga de Almeida – Pinicuta e a jornalista Elisângela Ramos.