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Combater a fome é gesto humanitário

Confira o Editorial do Jornal do Povo da edição desta semana

Confira o Editorial do Jornal do Povo da edição desta semana. - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Confira o Editorial do Jornal do Povo da edição desta semana. - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Vale a pena sermos um país agrícola que produz mais do que outros, soja, milho, carne, açúcar, entre tantos outros alimentos destinados à exportação para outros países, se quase 28 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, agravada pelo desemprego? As dificuldades sociais e econômicas aumentam dia após dia, seja pelo elevado índice de inflação que corrói o poder de compra das pessoas e eleva substancialmente os custos dos alimentos, os quais dispararam nos últimos meses. 

A pandemia, também, contribuiu para a elevação de preços por conta da atividade recessiva assinalada nos últimos dois anos.  O IBGE apontou que no ano de 2019, 52 milhões de brasileiros se encontravam na linha de pobreza. Lembra-se que há de se destacar a diferença entre linha de pobreza e abaixo da pobreza. 

O programa Brasil Sem Miséria, em 2017, considerava em estado de pobreza extrema a pessoa que percebesse até R$85,00 reais, por mês. E aquele que tivesse renda de até R$170,00/mês encontra-se em situação de pobreza. Hoje o governo federal considera que aquele que contribui com a renda familiar com R$105,00/mês está em situação de extrema pobreza e aquele que se encontra na faixa de ganho entre R$105,01 e R$210,00 reais/mês está em situação de pobreza. 

Essas faixas retratam a condição de renda lamentável dessa imensa parcela de brasileiros, que se agrava com a falta de moradia, entre tantas outras questões, as quais passam principalmente pelo quesito educação e formação profissional. Somente no quesito capacitação para o trabalho, Mato Grosso do Sul dispõe de 20 mil vagas de emprego abertas, mas com dificuldade de preenchimento por falta de qualificação para o trabalho. 

É certo que a fome é consequência da falta de emprego, agravada pela ausência de qualificação do trabalhador brasileiro. Três Lagoas é uma das cidades que mais cresce no país. Tornou-se um oásis diante da recessão econômica e da miséria que assola um imenso contingente de brasileiros, que aqui chegam à busca de novas oportunidades. 

Mas, como entre os que vieram para ficar muitos não preenchem os requisitos de ocupação de mão de obra, estes acabam por elevar os índices da linha da pobreza na cidade, que hoje registra 20 mil famílias nessa situação. 

E mais, considerando o número de pessoas que formam uma família de tamanho médio, encontramos na cidade pouco mais de 50 mil pessoas, que vivem na faixa da pobreza ou de extrema pobreza. Enquanto, pouco se faz para se reduzir o desemprego, qualificar mais as pessoas através de programas sociais de reabilitação para o trabalho, é preciso que se aumentem os níveis de solidariedade humana para aplacar essa fome que a todos envergonha. 

Não se tem notícia de um levantamento que indique quantas entidades de apoio social e combate à fome Três Lagoas tem. E nem se sabe, se existe uma ação coordenada de caráter civil, além do programa monitorado pelas autoridades públicas executoras do programa Auxílio Brasil. Diante desse quadro terrível da fome, certamente, o empresariado do comércio e de serviço, indústrias, clubes de serviços e demais segmentos, deveriam se aglutinar para constituírem ação organizada visando combater a fome como gesto humanitário e de amor ao próximo. Vamos dar as mãos. O Tempo passa…