O conflito entre Rússia e Ucrânia pode afetar a economia do Brasil, inclusive a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN 3) da Petrobras, em Três Lagoas.
A Rússia é um dos maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo, e um conflito envolvendo o país prejudica o fornecimento da commodity.
A maior parte dos fertilizantes importados pelo Brasil vem da Rússia. Esses produtos são produzidos a partir de gás natural – especialmente os nitrogenados, fosfatados e o cloreto de potássio.
A importação de fertilizantes para o Brasil, inclusive, foi um dos assuntos discutidos pelo presidente Jair Bolsonaro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, há cerca de 15 dias, antes do início da guerra. Em coletiva à imprensa neste domingo (27), depois do início dos ataques, Bolsonaro falou da importância dessa parceria com a Rússia para o fornecimento de fertilizantes.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, disse que as sanções ao país russo podem ocasionar um retrocesso no fluxo de capital. Destacou que, o processo de venda da UFN 3 pode sofrer um atraso diante disso.
Até quinta-feira da semana passada, segundo o secretário, a equipe técnica formada por representantes da Petrobras, da empresa russa Acron e do governo do Estado trabalharam normalmente no processo de venda da UFN 3. Após essa data, e depois dos últimos episódios dessa guerra, o secretário disse não ter mais informações deste processo.
Entretanto, ressaltou que a a Acron já opera no Brasil. E que poderia dar continuidade ao processo de compra e retomada da UFN 3 a partir da empresa no Brasil. “Mas o momento é de atenção e preocupação”, destacou Verruck.
MISTURADORA
A UFN 3 foi projetada para produzir 1,2 milhão de toneladas de ureia e 761.000 toneladas de amônia por ano, e pode iniciar a operação apenas como uma misturadora de fertilizantes, cujo subprodutos seriam importados da Rússia. A UFN 3 trabalharia na mistura das fórmulas para entregar os fertilizantes ao mercado.
Quanto a UFN 3 se transformar em misturadora, o secretário destaca que isso é positivo, pois a fábrica já entraria em operação neste ano, os investimentos seriam realizados e o Brasil já teria inicialmente a importação e venda dos fertilizantes. “O Brasil vive uma crise de fertilizantes. Portanto, teríamos um investimento e uma oferta de fertilizantes em curto prazo”, frisou.
Verruck destacou que para a UFN 3 produzir e trabalhar na separação do gás precisa resolver a questão do fornecimento de gás, da tecnologia, pois a fábrica foi projetada em 2011. “O governo do Estado e prefeitura deixaram isso muito claro, que para nós interessa a questão da separação, pois a misturadora seria algo de curto prazo. Em momento nenhum se discutiu a questão da não instalação da indústria, apenas a antecipação dos investimentos para que eles possam fazer o encadeamento estrutural. Mas essa questão, neste momento, se torna uma coisa irrelevante diante de uma questão tão grave, diplomática e econômica”, frisou.