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Conselho Tutelar de Três Lagoas realiza protesto por mais segurança

Mobilização deve-se morte de três conselheiros em Pernambuco

Conselheiros tutelares de Três Lagoas já foram ameaçados - Arquivo/JP
Conselheiros tutelares de Três Lagoas já foram ameaçados - Arquivo/JP

Conselheiros tutelares realizam, nesta quinta-feira, 12, uma manifestação por mais segurança para a categoria. A princípio, chegou-se a cogitar a possibilidade de o Conselho Tutelar manter as portas fechadas para atendimento ao público por 24 horas. No entanto, para não prejudicar a população, em reunião realizada na tarde de ontem, o Conselho Tutelar decidiu por realizar uma manifestação pacífica, usando preto em sinal de luto, e mantendo o atendimento.

O protesto acompanha a mobilização nacional, organizada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), em resposta ao assassinato de três conselheiros tutelares no dia 6 deste mês, em Poção, Pernambuco.

De acordo com a conselheira tutelar Miriam Monteiro Herrera Hamed, a ação visa protestar contra o brutal assassinato e a falta de segurança da categoria. “É uma maneira de chamar a atenção do poder público, dos órgãos de segurança, para a nossa situação”, destacou.

Os conselheiros tutelares e uma mulher foram mortos em uma estrada na zona rural de Poção, quando levavam uma criança de três anos da casa avó paterna para a casa da avó materna, uma das vítimas. As duas compartilhavam a guarda da criança. O crime causou comoção na cidade, de pouco mais de 11 mil habitantes, e desencadeou a manifestação nacional. O ofício do Conanda sobre a manifestação chegou na terça-feira ao Conselho Tutelar local.

Embora distante geograficamente da região em que os conselheiros foram mortos, Miriam explica que a insegurança também afeta o trabalho dos profissionais de Três Lagoas. Dos quatro conselheiros que atuam em Três Lagoas, dois já foram gravemente ameaçados. As ameaças mais simples são constantes.

A presidente do conselho, por exemplo, ficou uma semana afastada de suas funções após ser ameaçada com uma faca enquanto cumpria o seu trabalho. Depois de retornar, um segurança foi mantido na porta do conselho. A ameaça aconteceu há cerca de um ano e meio. “A sorte foi que o motorista foi muito ágil, pois o morador correu atrás de mim com uma faca. Nós chegamos a chamar a polícia, mas ela chegou apenas 40 minutos depois”, disse. Em outro caso, dois homens tentaram agredi-la na frente do Fórum de Três Lagoas. Um deles mantinha um relacionamento com uma mãe que havia perdido a guarda do filho.

“O Conselho Tutelar não tira filho de ninguém. Cumprimos o que determina a Justiça. Não somos nós que decidimos”, disse.

Mesmo assim, os casos de cumprimento de ordem judicial, principalmente para retirar a criança do convívio familiar, são os mais arriscados, segundo a conselheira. “Na hora que os pais veem a gente retirando a criança, eles ficam revoltados, mesmo que não tenham feito nada para manter essa guarda”, disse.

PEDIDO

Um dos motivos da manifestação é tentar sensibilizar as autoridades para que a polícia seja mais presente nas ações do conselho. “Nós não temos treinamento para lidar com essas situações de risco em que somos expostos. O ideal fosse que a polícia nos acompanhasse para garantir a nossa segurança”, disse.

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco montou uma força-tarefa para esclarecer o caso. Enquanto isso, a menina fica sob a guarda da polícia.