O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), disse hoje (24) que “todo cuidado é pouco” com a reforma ministerial. Para ele, a presidenta Dilma Rousseff acertou ao deixar a conclusão das mudanças na Esplanada para a próxima semana, quando retornar dos Estados Unidos. Ele alertou que a precipitação de decisões poderia “desandar” o que está caminhando bem. “Todo o cuidado é pouco para, em função de mudança ministerial, a gente não criar outros problemas, e não fazer injustiça com quem acompanhou o governo até hoje”, afirmou.
As declarações foram feitas depois de uma reunião do líder com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo Delcídio, o peemedebista está tranquilo na relação com o Planalto e sinalizou que “não quer criar problemas com o governo”.
Segundo o senador, Dilma tem mantido conversas frequentes com a base aliada, mas ainda não conseguiu um redesenho sobre a extinção das dez pastas anunciadas – ou nomes dos que vão integrar o governo – que agrade a todos. Delcídio disse que essas negociações têm que ser baseadas em conversas políticas que fortaleçam a base aliada, tanto no Senado quanto na Câmara, onde as relações com o governo andaram tensas há algumas semanas.
Sobre as negociações com peemedebistas que querem ser contemplados na mudança ministerial, Delcídio informou que estão sendo conduzidas pelos líderes e citou conversas recentes entre Dilma e o senador Eunício Oliveira (CE), que foi ministro das Comunicações no governo Luiz Inácio Lula da Silva. O petista ainda minimizou rumores de tensão com a Câmara. “Pelo que sei, o líder na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), está conversando com o governo para indicar nomes para os ministérios”, disse.
Câmbio
O líder governista se esquivou de dar opinião sobre a declaração do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na tarde de hoje. Tombini disse que “todos os instrumentos estão no raio de ação do Banco Central, caso seja necessário”, para controlar a alta do dólar. Hoje (24) a moeda chegou a ser cotada a R$ 4,2479. “Estes valores impactam diretamente o processo inflacionário, e o maior carrasco para um país é a inflação”, ponderou.
O senador não defendeu ou criticou a possibilidade de uso das reservas cambiais, mas disse que o país precisa trazer o câmbio para “um patamar factível”. O líder tentou passar um tom de isenção, mas disse que “o Brasil tem hoje reserva cambial relativamente confortável”. As reservas internacionais somam US$ 370 bilhões.
Financiamento público de campanha
Delcídio do Amaral confirmou que a presidenta Dilma Rousseff deve vetar o projeto de reforma política aprovado pela Câmara, que mantém as doações de empresas para campanhas políticas nas regras eleitorais. Segundo ele, um grupo de senadores se reuniu com Dilma no Planalto, na tarde de hoje, para tratar sobre o tema. “Ela vai ter que seguir a decisão do Supremo [STF]. Não tem sentido [ser diferente], porque o STF já tomou a decisão”, afirmou.
No último dia 17, os ministros da Corte entenderam que as doações empresariais desequilibram a disputa e, por oito votos a três, proibiram o financiamento privado. “Só quero ver como vai ser a eleição do ano que vem. Os prefeitos e vereadores vão servir de piloto de teste. Não vai ser fácil, não. Como dizia minha mãe: “vai ser pobre, pobre, pobre, de marré deci", brincou o líder.