Veículos de Comunicação

Editorial

Em quem votar?

Confira o artigo da edição do Jornal do Povo deste sábado (10)

Estranho, que os partidos políticos tendo à disposição uma montanha de dinheiro à eles destinadas pelo famigerado Fundo Partidário - Agência Brasil/Arquivo
Estranho, que os partidos políticos tendo à disposição uma montanha de dinheiro à eles destinadas pelo famigerado Fundo Partidário - Agência Brasil/Arquivo

Pelo que se constata nas ruas há um silêncio tenebroso nestas eleições, quando se pergunta em quem votar para deputado (a) estadual ou federal? Essas eleições, além de polarizadas entre dois candidatos para a presidência da República, está estabelecendo uma disputa amarga e nunca vista na história eleitoral do país, pois relega a um nível menor a representação legislativa, quando se constata uns poucos candidatos ungidos pelo aparelho partidário. 

A festa cívica que confere ao eleitor o direito do voto, e, sobretudo, o dever de escolher bem seus representantes nas duas Casas do Congresso Nacional – Senado e Câmara Federal, assim como Assembleias Legislativas está em segundo plano, infelizmente. Mas, é no Legislativo onde repousa a força do povo para fazer cumprir o preceito constitucional e a legislação suplementar que rege a vida da sociedade e particularmente dos cidadãos.

Estranho, que os partidos políticos tendo à disposição uma montanha de dinheiro à eles destinadas pelo famigerado Fundo Partidário, constituído pelo dinheiro de todos nós em uma quantia assombrosa, quando poderia ser bem menor, estejam recuados no modo de dar ampla publicidade aos seus candidatos para os poderes legislativos. Optaram por destacar as campanhas de candidatos presidenciais, senadores e governadores, os quais são escolhidos pelo voto majoritário, despertando mais atenção do eleitor. Entretanto, as escolhas proporcionais estão sendo conduzidas quase que na surdina e não se sabe a que preço.

O horário eleitoral gratuito ao apresentar candidatos, dá ao eleitor uma mera constatação de que alguém é candidato e que pode ser votado pelo número ou nome nele anunciados. Enfim, sequer dá tempo ao eleitor para analisar nomes até porque poucos propõem iniciativas. Desse jeito, fica mais díficil para decidir pelo voto  uma boa escolha. Aliás, constata-se muitas figuras folclóricas na  apresentação do horário eleitoral no rádio e na televisão, as quais sem qualquer cerimônia, atestam a má qualidade de candidatos e a deficiência dos partidos políticos em selecionar nomes que podem preencher critérios e expectativas do eleitorado atento para uma escolha de quem o represente com grandeza ética, moral e capacidade para o exercício da nobilitante atividade parlamentar.

A eleição para as Casas legislativas parece um jogo mal articulado, decepcionante diante da pobreza intelectual de candidatos. Há um despreparo constatado de pronto, quando se vê na apresentação destes pretendentes que querem representar o povo. Pergunta-se, o que será da sociedade como um todo se o baixo clero – aqueles que subterraneamente comparecem para fazer número nas votações e nada propõem de interessante e útil que se aproveita ao bem estar da sociedade.

Os candidatos tipo “cacareco” apelido que se atribui ao postulante numa eleição sem qualificação, não são poucos. E não o são por causa dos pouco mais de trinta e cinco partidos existentes no país, transformados em redutos de aproveitadores que fazem da atividade partidária banca de negócios. Ainda bem que a eleição deste ano com base na nova legislação permitirá que ocorra a redução de partidos políticos para oito ou pouco mais, conforme prognósticos dos mais experientes estudiosos dos efeitos da legislação eleitoral. Mas, essa fraca movimentação há pouco menos de três semanas, nos remete a pergunta. Em quem vamos votar?