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Entrevista

Empresário defende reforma tributária

Magid Thomé Filho diz que é preciso haver imposto único para evitar o fechamento de mais empresas em Mato Grosso do Sul

https://youtube.com/watch?v=m8m27KyO6Wk
Magid Thomé filho ajudou na instalação da Mabel em Três Lagoas - Danielle Leduc/JPNews
Magid Thomé filho ajudou na instalação da Mabel em Três Lagoas - Danielle Leduc/JPNews

Para o empresário três-lagoense, Magid Thomé Filho, os governos municipal e estadual precisam dialogar com os empresários, sob pena de outras empresas fecharem as portes em Mato Grosso do Sul, assim como ocorreu nesta semana com a fábrica de biscoitos da antiga Mabel, atual PepsiCo. Magid foi secretário de Desenvolvimento Econômico na gestão do ex-prefeito Issam Fares, em 1998, quando a fábrica foi inaugurada em Três Lagoas. Depois de 21 anos de operação município, a empresa anunciou, nesta semana, o encerramento das atividades em Três Lagoas.

Jornal do Povo – Como o senhor analisa o fechamento da Mabel em Três Lagoas?
Magid Thomé Filho –
Com muita tristeza, pois foi a primeira grande empresa que trouxemos em um ano e meio do governo do ex-prefeito Issam Fares. A fábrica foi inaugurada em 1998, e a partir da Mabel, vierem outras. Na época, não tinha tanto emprego na cidade, depois houve um processo de qualificação das pessoas, a chegada do Senai, enfim, hoje a cidade está preparada.

JP – Na época foram oferecidos incentivos fiscais à antiga Mabel. O senhor defende esses incentivos?
Magid –
Mato Grosso do Sul tem cerca de dois milhões de habitantes. Porque o empresário vem para cá, se ele pode ficar em um Estado com 30 milhões de pessoas, em um raio de 300 quilômetros? Por isso que é preciso dar os incentivos fiscais. As pessoas falam do terreno que foi doado, mas se analisar o valor que foi investido, por exemplo, na área da Mebel, vai ver que o terreno vale pouco. A empresa cumpriu com tudo o que estava previsto, e recolheu muito impostos.

JP – A empresa alegou que o fechamento foi por uma questão estratégica, para concentrar a produção em outras unidades. O senhor acha que é só isso?
Magid –
A PepsiCo  já vinha dando sinais de que haveria reestruturação, assim como a Ford fez em São Paulo (SP). Mas, em minha opinião, os governos municipal e estadual têm que ficar mais atentos. Até acho que o sinal amarelo está aceso. Acho que o prefeito precisa reunir com seus secretários e vereadores e começar a prestar atenção, porque se não mais indústrias vão fechar. Digo isso porque o governo do Estado quer arrecadar. Os encargos no Estado são muitos pesados. Basta ver o preço do combustível, atravessou a barreira, no Estado de São Paulo, são 30% mais barato. O governo precisa rever essa questão do imposto, não apenas para indústria, mas para o comércio também e, principalmente nessa região Leste, que está ao lado de estados altamente desenvolvidos e com impostos menores.  É preciso abrir um canal entre os governos municipal, estadual e os empresários para não dizer que foram pegos de surpresa.

JP – Mato Grosso do Sul saía na vantagem porque concedia os incentivos ficais, mas hoje outros estados também oferecem, como São Paulo?
Magid –
Além dos incentivos, é necessária uma reforma tributária, um imposto único. São Paulo também já está saturado. Aqui temos uma vantagem, temos energia em abundancia, hidrovia, rodovia, ferrovia, embora não esteja funcionando. Existem as peculiaridades de Três Lagoas que precisam ser exploradas. Três Lagoas está no centro da América Latina, em posição estratégica. Precisa o governo do Estado e o município se empenharem mais.  Além disso, o imposto único põe fim a sonegação de impostos. Essa reforma tributária precisa ser aprovada, o Brasil precisa andar.

JP- Desde agosto do ano passado, um empresário que pretende instalar uma cervejaria em Três Lagoas aguarda um posicionamento do governo do Estado sobre incentivo fiscal. O que o senhor acha dessa demora?
Magid-
Não tenho conhecimento do que está acontecendo, mas se desde agosto está analisando o pedido de isenção, acho que isso teria que ser feito em 30 dias. Não pode ficar enrolando o empresário, o comerciante. O papel chegou à sua mesa, tem que despachar. Essa burocracia atrapalha tudo, daí a empresa acaba indo para outro lugar. O governo não tem tanto serviço para analisar, o porquê dessa demora? O governo demora muito para dar uma resposta. Isso está em todos os níveis, governo municipal, estadual e federal, muita  burocracia.

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