A primeira palestra do Fórum RCN foi do economista Alexandre Mendonça de Barros, que contextualizou a balança comercial da agricultura mundial. Ele destacou as exportações mundiais a partir da década de 90, quando os Estados Unidos respondiam pela maior fatia desse bolo, com US$ 19,4 bilhões exportados. Já o Brasil, exportava US$ 7,1 bi em grãos. Depois de 20 anos, os EUA apresentaram déficit de U$ 16,3 bilhões e o Brasil um superávit de U$ 77,3 bilhões.
O economista alertou para a análise de mercado baseada apenas em valor agregado de produto. Ele citou o caso da Argentina, que tentou agregar valor à soja para aumentar o volume de exportações sem analisar o interesse do maior importador: a China. “O chinês não queria farelo e óleo, ele queria o grão. E os argentinos taxando o grão para estimular a agregação de valor de farelo e óleo, ficaram de fora da história chinesa. E nós [Brasil] saímos de nada de exportação de soja na década de 90 para 90 milhões de toneladas no ano passado e, nos transformamos no maior produtor de soja do mundo. Vamos abrir uma distância razoável dos americanos”, analisou.
A segunda a subir ao palco foi a doutora em economia e atual secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Zeina Latif. A economista apresentou um vasto levantamento de dados para mostrar que o Brasil precisa mudar a atual política econômica, fiscal e tributária e conquistar a sofisticação institucional, com qualidade de ensino, estado forte e eficiente, capacidade de inovar e regras claras, para se tornar um país rico.
Sobre a taxa anual de crescimento brasileira, analisada entre os anos de 1980 e 2019, a economista destacou que está abaixo da taxa registrada na América Latina, sendo de 0,68% e de 1,34% em média, respectivamente. Zeina ainda enfatizou algumas distorções na política econômica que são difíceis de se corrigir, como a alta carga tributária e o gasto público. Zeina pontuou ainda a questão da intervenção estatal.
“Não é problema ter intervenção, mas ela precisa ser cuidadosa. A gente esticou demais essa corda, essa estratégia. E o problema que a gente tem, de forte intervenção estatal, muitas políticas públicas deixam de ser relevantes, financiadas por uma carga tributária elevada que gera ainda mais distorções na economia… a qualidade do gasto público é ruim, da intervenção é ruim e a gente está financiado ainda mais a carga tributária. E alguns setores são particularmente impactados”, disse a economista.
Com 40 anos de experiência em administração e negócios, o palestrante Antônio Maciel Neto foi o último palestrante do dia. Com especialidade em liderança e gestão, ele aproveitou a ocasião para enfatizar a necessidade de promover ferramentas de desenvolvimento de pessoas nas empresas.
“É através da eficiência e eficácia da gestão que conseguimos promover os resultados satisfatórios quanto ao crescimento. O Brasil, como foi mostrado durante o Fórum, é muito grande. E o que estamos fazendo com essa grandeza? É isso que temos que pensar”, frisou. Uma das ferramentas, segundo ele, é quanto ao aspecto da liderança e a agenda do líder, que se baseia em estratégia, excelência operacional e pessoas, tendo o cliente no centro disso tudo.