A unidade da Fibria em Três Lagoas encerrou o ano de 2014 com um aumento de aproximadamente 30% na produção de energia elétrica destinada ao sistema nacional. De acordo com o gerente de recuperação e utilidades da Fibria, a empresa atingiu, em 2014, média de produção de 140 megawatts por hora. Deste total, 90 megawatts/hora são consumidos internamente, na produção de celulose da Fibria (aproximadamente 80 megawatts/hora) e na produção de papel da International Paper (10 megawatts/hora, garantidos através de contrato de fornecimento), o excedente é disponibilizado para venda.
“O projeto [da unidade em Três Lagoas] foi concebido para que toda a energia necessária fosse gerada pela própria planta e o excedente disponibilizado para o sistema nacional de energia elétrica coordenado pela Aneel. Esse aumento de energia disponibilizada para a venda foi ocorrendo gradativamente. Do ano passado para cá, tivemos um aumento de aproximadamente 10 megawatts/h, passando de 30 megawatts/hora para cerca de 40 megawatts hora, o que equivale a um crescimento de 30% em um ano”, completou.
Esse aumento na geração de energia, segundo o gerente, foi resultado de pequenas melhorias realizadas no projeto no decorrer dos anos, que não podem ser classificadas como investimentos, mas como otimização dos processos, tanto de consumo quanto de geração de energia. Para 2015, a expectativa é de consolidar a marca de 40 megawatts/hora. “É claro, sempre buscando otimizar os serviços para conseguir fornecer cada vez mais energia”, completou.
O sinal da intenção de aumentar o volume de energia disponibilizado para venda foi dado ainda no ano passado. Até dezembro, ainda estava tramitando entre os órgãos competentes o pedido da unidade da Fibria em Três Lagoas de autorização para passar a capacidade máxima de comercialização de energia para o mercado nacional de 50 megawatts/hora – máximo que pode ser disponibilizado – para a venda de 60 megawatts/hora. Essa solicitação é feita à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e também à Operadora Nacional do Sistema (ONS). “Não obrigatoriamente, remeterá esse aumento de energia elétrica excedente [de imediato]. Mas, sim que, pelo menos tenhamos a liberação pelos órgãos competentes quando esse aumento ocorrer”, lembrou.
O aumento do excedente de energia também não equivale, necessariamente, a um aumento na produção de celulose , pois um processo coexiste com o outro. “Não estamos falando em investimentos ou algo parecido, mas simplesmente em trabalho de otimização. É reduzir o consumo, apagar a luz onde não é usada, para, de forma inteligente, sobrar mais energia para ser disponibilizada ao mercado”, disse o gerente.
ABASTECIMENTO
Atualmente, a energia excedente produzida pela Fibria tem capacidade para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes, o que equivale a quase duas Três Lagoas. Essa comercialização, além de ajudar na crise do sistema elétrico nacional no ano passado, com a produção das hidrelétricas prejudicada pelas secas, também tem proporcionado para a empresa lucro. Para Fernando Raasch, o maior lucro independente do financeiro é a contribuição que a empresa dá para o meio ambiente.
Autossuficiente energeticamente, as unidades da Fibria produzem energia elétrica através da biomassa gerada no processo de produção de celulose. Para a geração dos 140 megawatts/hora, são consumidas cerca de seis mil toneladas de resíduos sólidos secos (cascas do eucalipto, gravetos, etc) e cerca de 300 toneladas secas da biomassa picada. “Dessa sobra que é biomassa sólida, gravetos, um pouco cascas, que é queimada, mas a grande contribuidora é a biomassa líquida, que é um composto orgânico da madeira que não é utilizado na produção de celulose. Ela é utilizada para a geração de energia térmica, depois revertida em energia elétrica, esse processo a gente denomina de cogeração”, explicou.
O gerente de recuperação e utilidades da Fibria informou que a expectativa é que, com o projeto de ampliação da unidade em Três Lagoas, a produção de energia também seja duplicada. “Ainda não temos números. Mas entendendo que se tudo acontecer como aconteceu na unidade um, será dobrado”, disse. O processo de instalação da segunda linha de produção ainda está em discussão.