Foi autorizado o início das obras da ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta nesta segunda-feira (13). O empreendimento faz parte da Rota Boceânica (Brasil-Chile), que vai viabilizar o acesso de produtos de Mato Grosso do Sul a outros países, reduzindo o custo do frete em até 35%. A ponte será construída no km 1.000 da Hidrovia do Paraguai, por um consórcio binacional, e custeada pela margem paraguaia da Itaipu Binacional, com investimento de 102,6 milhões de dólares (aproximadamente R$ 575,5 milhões).
“Estamos investindo R$ 1 bilhão em infraestrutura, pavimentando mais de 700 quilômetros de eixos de ligação e acesso a 267, garantindo segurança e qualidade nas nossas estradas”, destacou o governador Reinaldo Azambuja, durante abertura.
Conforme o estado, a travessia terá extensão total de 1.294 metros (incluindo os viadutos de acesso) e largura de 20,10 metros. A parte estaiada centrada no leito terá 625,37 metros, com vão central de 350 metros. Marcado pela ausência do presidente da República, Jair Bolsonaro (PPL), o evento contou com a participação do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez e outras autoridades brasileiras.
Segundo o governador, produtos como carnes processadas, grãos e celulose ganharão mais competitividade no mercado, além das vantagens que a rota propicia em relação à redução da distância e tempo aos portos de Antofagasta, no Chile.
“Isso representa menos 17 dias de uma viagem de navio a outros países. O grande desafio agora é desburocratizar o setor alfandegário. A ponte tem um simbolismo muito forte ao garantir esse corredor ao Pacífico, que dará maior competitividade a Mato Grosso do Sul e a toda região Centro-Oeste, integrando definitivamente os quatro países (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile) não só economicamente, mas também na cultura e no turismo”, destacou.
Reinaldo defendeu a formalização de um acordo alfandegário comum, com um registro único para as mercadorias que transitarão pelos quatro países, como ocorre na União Europeia, onde o produto lacrado na origem chega diretamente ao destino sem burocracia. “O Brasil deve promover a organização do tratado específico do Mercosul para que tenhamos desembaraço alfandegário e maior agilidade na movimentação das mercadorias”, disse.
Impasses sobre a ida de Bolsonaro
O avião presidencial não decolou de Campo Grande devido ao mau tempo em Bonito, de onde seguiria de helicóptero para a fronteira. A placa não foi descerrada pelo presidente paraguaio, que convidará Bolsonaro para nova agenda em janeiro de 2022.
Em seu pronunciamento, durante o ato realizado às margens do Rio Paraguai, o governador Reinaldo Azambuja destacou a visão estratégica dos presidentes do Brasil e do Paraguai de viabilizar a Rota Bioceânica e promover o desenvolvimento regional nos dois lados da fronteira. “Bolsonaro e Mário Benitez estão marcando história e o início da obra da ponte simboliza a redenção da região Centro-Oeste, sobretudo Mato Grosso do Sul e Murtinho”, pontuou.
O governador acrescentou que a palavra dos sul-mato-grossenses é de gratidão aos dois presidentes e realçou que o Governo do Estado está fazendo a sua parte ao integrar as regiões produtores por asfalto com a rodovia BR-267, que dá acesso à Porto Murtinho. “Estamos investindo R$ 1 bilhão em infraestrutura, pavimentando mais de 700 quilômetros de eixos de ligação e acesso a 267, garantindo segurança e qualidade nas nossas estradas”, frisou
Reinaldo Azambuja citou ainda os investimentos em segurança pública na região, anunciando que a polícia de Mato Grosso do Sul terá torres interligadas com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), com um sistema de alta precisão, e está adquirindo um helicóptero para o Departamento de Operações de Fronteira (DOF), além de ações integradas com o Paraguai já em execução.
Aliança estratégica
Em sua fala o presidente do Paraguai, Mário Benitez, garantiu a conclusão da ponte sobre o Rio Paraguai em menos de três anos (prazo contratual) e anunciou a pavimentação do último trecho da rodovia do Chaco Paraguaio, de Carmelo Peralta a Lomo Plata (do total de 275 quilômetros, faltam apenas 28 quilômetros). Também confirmou a contratação da segunda etapa da rodovia, correspondente a 350 quilômetros entre Marescal Estigarribia e Pozo Hondo (Argentina).
“Estamos aqui celebrando uma aliança estratégica de irmandade e fraternidade com o Brasil”, disse Benitez, enfatizando que há mais de 40 anos a tão sonhada integração entre os dois países, iniciada com a construção da Ponte da Amizade, no Rio Paraná, não avançou. “Este ato está demonstrando como tem que ser a relação de países irmãos e o Paraguai sustenta a sua posição de ser aliado para a competitividade que a Rota Bioceânica proporcionou a todo o eixo que a interliga. Teremos um impacto muito grande na economia e também na cultura”, finalizou.