Diante do cenário econômico nada animador, empresários estão cautelosos para investir em 2015. Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, os empresários já colocaram o “pé no freio” e estão adiando novos investimentos. “É um ano difícil, em que nós estamos com problema na arrecadação, assim como o Brasil está. A arrecadação já está 7% abaixo do ano passado, isso é ruim”, destacou Jaime Verruck, em entrevista ao Jornal do Povo.
O secretário citou como exemplo a Fibria e a Eldorado que pretendem expandir suas empresas de celulose em Três Lagoas, mas que também estão aguardando o momento certo para dar o start. Verruck comentou que o governo do Estado já se reuniu com os presidentes da Fibria e da Eldorado para saber como está o projeto de expansão das duas fábricas. Ambas as empresas, segundo Jaime, já informaram que estão com o sistema de licenciamento ambiental autorizado, com os projetos de engenharias prontos, e visualizando mercado para isso. Entretanto, entendem que, o mercado mundial da celulose e da economia brasileira, não está favorável e, por isso, decidiram que, ainda não é o momento ideal para dar o start.
“Ambas as empresas nos posicionaram que, até o mês de julho, teriam condições de afirmar qual é a data que elas iniciam a obra. O governador, inclusive, se posicionou em relação às estradas vicinais e pontes, para que o governo possa ajudar na competitividade dessas empresas”, comentou o secretário de Desenvolvimento Econômico.
OPORTUNIDADES
Nesses dois meses à frente da secretaria, Jaime disse que já é possível perceber que muitos empresários realmente não vão fazer investimentos em 2015, passando as decisões para 2016. Por outro lado, o secretário comentou que existe um conjunto de oportunidades, principalmente para aquisição de empresas. “Estamos recebendo vários fundos internacionais, que estão identificando oportunidades diante desta crise. Então, se de um lado tem o médio e grande empresário postergando essa decisão, por outro, temos os grandes fundos procurando investimentos. Então, acredito que, nesse equilíbrio, a gente consiga ter um crescimento industrial significativo no Estado neste ano”, destacou.
Para continuar alavancando esse setor, o secretário adiantou que no próximo dia 9 vai acontecer o lançamento do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), com um aporte financeiro de R$ 1,4 bilhão, que poderá ajudar os empresários em seus investimentos. “O governador quer que o Estado seja um facilitador e rápido para tomar as decisões, a fim de que possa melhorar o desempenho no ano. Mas, é muito claro que será um ano difícil empresarialmente”, destacou.
Ainda de acordo com o secretário, os incentivos fiscais serão mantidos, mas com um diferencial. A intenção, segundo ele, é oferecer um percentual maior de incentivos aos empresários que investirem nos municípios que ainda não possuem indústrias, e com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo. “Em outros casos, o governador tem uma proposta muito clara neste momento de crise. O governo está disposto a trocar tributos por empregos. Aquelas indústrias que vem com uma proposta forte de gerar emprego, o governo está disposto a abrir mão de receber os tributos para que nesse momento da crise, o Estado continue forte na geração de empregos”, comentou.
Ainda de acordo com o secretário, essa proposta do governo não visa prejudicar municípios como Campo Grande e Três Lagoas, por exemplo, que já têm várias indústrias instaladas. “Será feita uma política de incentivos fiscais diferenciada e regionalizada. Não vamos tirar de Três Lagoas e nem de Campo Grande, apenas dar um pouquinho mais de incentivo para as indústrias que querem se instalar em outras cidades menos desenvolvidas, que ainda não tem indústria”, comentou.
EUCALIPTOS
Ainda em entrevista ao Jornal do Povo, o secretário disse que a partir deste mês o governo vai fazer a captação de novos empreendimentos. Jaime adiantou que a área florestal já está sendo focada pelo governo estadual. De acordo com ele, atualmente, Mato Grosso do Sul tem 800 mil hectares de eucaliptos plantados e, praticamente 200 mil deles não teriam mercado. “Então, temos que procurar indústria para utilizar esse eucalipto, não estou falando de celulose, porque já temos duas indústrias de celulose já instaladas, com seus parques de florestas”, informou.
Segundo Verruck, os primeiros 60 dias à frente da secretaria foram de planejamento e organização, mas a partir de março, será de ação. “Já começamos a procurar todos os empresários que têm indústrias instaladas no Estado e que pretendem ampliar. Agora, a partir de março, vamos em busca de novos empreendimentos “, frisou.