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Hospital Auxiliadora acumula dívida de R$ 6 milhões

Unidade hospitalar arca com um déficit mensal de mais de R$ 500 mil no atendimento do SUS

Número de atendimentos pelo SUS saltou de 500 para três mil pacientes ao mês no Hospital - Arquivo
Número de atendimentos pelo SUS saltou de 500 para três mil pacientes ao mês no Hospital - Arquivo

O Hospital Auxiliadora está trabalhando no vermelho há sete meses e encontra dificuldade para fechar suas contas devido ao aumento no número de atendimentos aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo informação do diretor administrativo do Hospital Auxiliadora, Eduardo Otoni.

Além de fechar no vermelho, devido ao repasse não ser compatível com o número de atendimento, o hospital tem ainda uma dívida de R$6 milhões, que está difícil de ser quitada. De acordo com o diretor, há dois anos, o hospital atendia por mês, pelo SUS, cerca de 500 pacientes. Atualmente, o Auxiliadora atende, mensalmente, mais de três mil pacientes eletivos. “O atendimento aumentou em quase 600%, é muita coisa, e o repasse é praticamente o mesmo”, ressaltou.

O Auxiliadora recebia R$ 1,6 milhões mensalmente para atender aos pacientes do SUS, mas, atualmente, recebe R$ 2,7 milhões para continuar prestando esse atendimento. Entretanto, a direção do hospital alega que, para cobrir as despesas com o atendimento dos pacientes do SUS, o repasse que vem das três esferas, municipal, estadual e federal, deveria ser de R$ 3,2 milhões. “Temos um déficit de R$ 500 mil todo mês. Mesmo com o aumento no repasse que tivemos, que está atrelado a meta de atendimento, ainda não é suficiente para cobrir as despesas, já que o atendimento mais do que triplicou”, enfatizou.

Otoni disse ainda que, mesmo com esse aumento de repasse, nesse período houve índice de reajustes da água, energia, salário, medicamentos, entre outros itens. “Se contabilizamos todos esses reajustes, a conta não fecha. Lembrando que, o repasse recebio não é utilizado para pagar apenas o serviço oferecido no Pronto Socorro, mas também para internação, UTI, cirurgia, hemodiálise, oncologia, ou seja, toda a estrutura hospitalar”, esclareceu. Em razão do déficit financeiro, o hospital demitiu 25 funcionários. Atualmente, o Auxiliadora tem em seu quadro 500 funcionários , 150 médicos e conta com 178 leitos e mais dez alas de UTI.

PEDIATRA

O aumento na demanda tem refletido, inclusive, no atendimento pediátrico do Pronto Socorro do Auxiliadora. Conforme já divulgado pelo Jornal do Povo, desde a semana passada, o hospital suspendeu o atendimento pediátrico eletivo na portaria do hospital, seja pelo SUS ou convênio. O motivo deve-se ao aumento na demanda, e devido ao número reduzido de médicos pediatras que existe na cidade e região, embora essa falta ocorra no país.

“No caso da pediatria, o médico está à disposição para atender aos casos de urgência e emergência. Os pacientes eletivos e ambulatoriais que aumentaram consideravelmente, serão atendidos por um clínico geral, já que houve uma sobrecarga muito grande para os pediatras, que atendem, além da urgência e emergência, os recém-nascidos no centros cirúrgicos e obstétricos, e os que estão internados. É importante ressaltar que, de dois anos para cá, aumentamos também em 50% o volume de partos pelo SUS dentro do hospital. Houve também, uma maior necessidade de acompanhamento do pediatra durante os partos e também das crianças recém-nascidas”, informa Otoni.

De acordo com o diretor, o hospital conta com uma equipe de seis pediatras para atender todos esses serviços. Por esse motivo, em comum acordo com os profissionais, ficou decidido que, o médico pediatra atenderá no Pronto Socorro apenas os casos de urgência e emergência, e não mais os eletivos, que deverão ser atendidos nas unidades de saúde, ou na Unidade de Pronto Atendimento.

Além de Três Lagoas, o Auxiliadora atende também pacientes dos municípios da região do Bolsão. Segundo Otoni, os repasses feitos para atender aos pacientes do SUS estão defasados, já que são feitos com base no número de habitantes, conforme dados do IBGE. O problema é que, o último censo é de 2010 e a contagem deste ano foi adiada. Além disso, Três Lagoas conta uma população flutuante muito grande, que não é contabilizada pelo IBGE, mas recebe atendimento nas unidades de saúde de Três Lagoas, quando o paciente não tem um plano de saúde.