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 - Divulgação/Agência Brasil
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Certas profissões dependem da serenidade no momento em que a tensão se propaga no ar, de tal forma que o controle, se não for absoluto, resulta em catástrofe. Cirurgiões quando cruzam com alguma situação patológica que não estava no prontuário, mas que deve ser enfrentada na mesa cirúrgica, nem que seja para informar à família que tudo foi tentado, mas o infortúnio estava desenhado; Pilotos de Avião ao se deparar com falhas eletrônicas e mecânicas do Grande Pássaro de Aço cujo destino está em suas mãos, e se o chão for o destino, que os prejuízos sejam mínimos; Advogados lançados em meio ao julgamento, cujas provas que incriminam o cliente devem ser refutadas sem exageros ou contorcionismos a fim de levá-lo ao cadafalso com elegância.

E, seguindo essa linha, imaginava ingenuamente que os homens do poder, aqueles que lutam a cada eleição para se manterem ou ascenderem aos cargos eletivos, por vocação e qualificação, além da reserva moral arguta, internamente haveria uma inabalável crença que o seu papel como condutor da nação é o de se sacrificar em prol da coletividade. Verdadeiro altruísta, herói dos tempos medievais, ressurgindo como o arquétipo do cavaleiro pronto a lutar contra os moinhos de vento que perniciosos envenenam àqueles de boas intenções. Cercado de nobres, como os da Távola Redonda, resgatariam a paz social do poço profundo da iniquidade e violência que soçobra em nossas terras sagradas.

Porém esse devaneio, como um curto-circuito, é imediatamente despejado na corrente fluida dos dejetos que representam os sonhos impossíveis, porquanto a realidade nos alardeia através da manchete: “MP 927 suspende o contrato de trabalho por quatro meses: o que muda? Segundo o governo, a MP é uma forma de "evitar as demissões em massa"; para advogados, medida deixa o trabalhador desprotegido”.

O baque inicial, motivado pela chamada ao texto, como um uppercut bem colocado, me fez refletir sobre os desatinos cometidos por quem está na liderança desse País. São nas reuniões ministeriais que os assessores podem brilhar, propondo as estratégias de acordo com o que as tartarugas em cima das árvores reverberam. E, em um átimo, percebi que o bom senso perdeu a coerência de vez, sobretudo em um momento que a Nação agoniza, seja pelo avanço do vírus, seja pelo desemprego massivo que bate a nossa porta.

Certo, não somos os EUA e não temos como injetar um trilhão de dólares na Economia, mas estabelecer um salvo-conduto para os empregadores despejarem os seus auxiliares ao seu falante é um escárnio assustador, que reflete o espírito geral dos que estão comandando o País; ou será que são os cirurgiões prestes a dar o golpe de misericórdia na aorta, liquidando o paciente para obter o diploma de honra ao mérito?

O Grande Pássaro de Aço, pilotado pelos advogados, perdeu o combustível e antes que a explosão sacramentasse o destino, a mensagem foi deletada!