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Três Lagoas

J&F tenta acordo com multinacional para não pagar indenização bilionária

J&F não questionaria o resultado na Justiça caso a multinacional desistisse de receber indenização bilionária que tem direito

Fábrica de celulose instalada, em Três Lagoas, foi vendida, em 2017, pelo valor de R$ 15 bilhões - Arquivo/JPNews
Fábrica de celulose instalada, em Três Lagoas, foi vendida, em 2017, pelo valor de R$ 15 bilhões - Arquivo/JPNews

 

A J&F, dos irmãos Batistas, tentou fazer um acordo com a Paper Excellence para não ter que pagar uma indenização bilionária, que será calculada pelo tribunal  arbitral nos próximos meses. A Paper tem direito à indenização após ter vencido a arbitragem e conquistado  o controle de 100% da fábrica de celulose instalada em Três Lagoas.

Segundo fontes do JPNews, a J&F desistiria da ideia de questionar o resultado na Justiça e, finalmente, “entregaria a Eldorado” para Paper Excellence que comprou a fábrica, em 2017, pelo valor de R$ 15 bilhões, incluindo o pagamento das dívidas da empresa de celulose.   Como os compradores não abriram mão  da indenização,  a J&F cumpriu a promessa de entrar na Justiça para tentar anular a arbitragem.

Em fevereiro deste ano, a Paper Excellence ganhou por três a zero a arbitragem contra a J&F que definia o caso da venda da Eldorado Brasil. Com a decisão, a Paper  iria desembolsar mais R$ 4,4 bilhões para ter o controle de 100% da Eldorado. No entanto, neste final de semana, a Justiça de São Paulo suspendeu os efeitos da sentença arbitral e garantiu a J&F a tutela de urgência, paralisando o andamento da transação e o pagamento antecipado de dívidas da Eldorado pela PE, que venceu o litígio, com alguns credores.

A J&F apresentou três justificativas: espionagem, omissão de conflito de interesse de um dos árbitros e exacerbação de poder. A decisão liminar, no entanto, não julga o mérito.

ACORDO

Segundo apurado pelo JPNews, antes de recorrer à Justiça, na semana passada para tentar anular a arbitragem que decidiu por unanimidade que a Paper Excellence deve ficar com o controle da Eldorado, a J&F tentou fazer um acordo com a multinacional de papel e celulose.

Segundo fontes que acompanham o imbróglio, Joesley e Wesley  Batista sugeriram "passar a régua" em tudo. Ou seja, se a Paper desistisse de receber a indenização bilionária, cujo valor ainda será decidido pelo tribunal arbitral, a J&F desistiria da ideia de questionar o resultado na Justiça e, finalmente, entregaria a Eldorado.

Os irmãos Batista prometeram também encerrar o inquérito policial, no qual acusam a Paper sem provas, entre outras coisas, de espionagem.  Ocorre que, teoricamente,  inquéritos policiais não podem ser encerrados pela simples vontade de quem faz a acusação. Investigações criminais só são encerradas por decisão das autoridades que investigam  e julgam o caso.

Em conversas internas na Paper, o acionista Jackson Wijaya tem dito estar preocupado com os funcionários da Eldorado, em Três Lagoas, que mais uma vez, são atingidos pelo clima de tumulto e insegurança causado pela resistência dos irmãos Batista em cumprir a decisão arbitral.

A J&F não quis se pronunciar sobre o assunto.