Catadora de materiais recicláveis, Ivonete da Silva e o marido sobrevivem com cerca de R$ 300 por mês. O valor é dividido entre contas de água, luz, arroz e feijão, cozinhados, há dois meses, no fogão à lenha. “Tá tudo errado, né. Porque ó o preço do gás. Eu mesmo estou cozinhando à lenha porque não tenho dinheiro pra comprar”, lamenta.
Com um dos mais significativos aumentos entre preços de produtos básicos, o valor do botijão acumula alta de 41,9% desde julho de 2020 em Campo Grande, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A família de Ivonete é uma das 88 mil famílias campo-grandenses aptas a receber o auxílio-gás. Isso porque o benefício, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro na segunda-feira (22), prevê ajuda financeira para a compra do item a famílias que recebem até meio salário mínimo per capita e estão com cadastro atualizado no CadÚnico.
Além dessas, terão direito ao vale-gás aqueles que morarem com beneficiários da prestação continuada da assistência social (BPC) e preferencialmente famílias com mulheres vítimas de violência doméstica que estejam sob monitoramento de medidas protetivas de urgência.
Os beneficiários terão direito a um valor correspondente a uma parcela de até 50% da média do preço nacional de referência do botijão de 13 kg a cada bimestre. Mas, o auxílio ainda depende da liberação de recursos do orçamento, que, segundo o economista, Michel Constantino, não tem uma fonte definida.
“Inicialmente, a narrativa é de que venha dos dividendos da Petrobrás que vão custear os R$ 6 bilhões do vale. Mas ainda não foi definido, então tem que definir essa fonte dos recursos e como vai ser feito, que é regulamentar o auxílio”, explica.
Depois disso, o governo terá 60 dias para incluir o projeto na legislação. Por isso, embora o anúncio do governo federal seja de que entre em prática neste ano, o auxílio deve sair do papel e chegar ao Mato Grosso do Sul somente no ano que vem.
“Os consumidores, pessoas de baixa renda, devem se receber o vale no início de 2022, para esse ano é difícil ter tempo para fazer todo esse processo de regulamentação”, afirma.
Como auxílio será pago?
O pagamento será por meio de um voucher, distribuído preferencialmente à mulher que está a frente da família.