A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse estar confiante para a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN 3), da Petrobras, em Três Lagoas, para o grupo russo Acron, mesmo diante das sanções econômicas impostas à Rússia devido aos ataques contra a Ucrânia.
Em entrevista coletiva à imprensa nesta semana, a ministra destacou que ainda é cedo para qualquer projeção em relação ao futuro da UFN 3. “É muito cedo ainda para a gente saber. Liguei para a Petrobras e me disseram que é cedo, pois tem um caminho para ser resolvido pela Petrobras e pela empresa, que neste momento é muito difícil, pois leva ainda um tempo. E nesse tempo, pode ser que mude tudo, mas eu ainda continuo otimista que vai dar certo a UFN 3”, destacou a ministra.
Segundo fontes ouvidas pela agência Reuters, a Petrobras mantém negociação com Acron apesar de guerra, e que a venda da fábrica está sendo discutida dentro da minuta assinada entre as duas partes.
No início da semana, o presidente Jair Bolsonaro também falou da importância da parceria entre Brasil e Rússia, que fornece boa parte dos fertilizantes que são utilizados na agricultura brasileira. O presidente falou, inclusive, da negociação para venda da fábrica de Três Lagoas.
A maior parte dos fertilizantes importados pelo Brasil vem da Rússia. Esses produtos são produzidos a partir de gás natural. A importação de fertilizantes para o Brasil, inclusive, foi um dos assuntos discutidos pelo presidente Jair Bolsonaro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, há cerca de 20 dias, antes do início da guerra.
Já o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, disse que as sanções ao país russo podem ocasionar um retrocesso no fluxo de capital. Para Verruck, o processo de venda da UFN 3 pode sofrer um atraso diante disso.
Até quinta-feira da semana passada, segundo o secretário, a equipe técnica formada por representantes da Petrobras, da empresa russa Acron e do governo do Estado trabalharam normalmente no processo de venda da UFN 3.
Entretanto, ressaltou que a Acron já opera no Brasil. E que poderia dar continuidade ao processo de compra e retomada da UFN 3 a partir da empresa no Brasil. “Mas o momento é de atenção e preocupação”, destacou Verruck.
UFN 3
A UFN 3 foi projetada para produzir 1,2 milhão de toneladas de ureia e 761.000 toneladas de amônia por ano. No entanto, o grupo russo pretende iniciar a operação apenas como uma misturadora de fertilizantes. A UFN 3 trabalharia na mistura das fórmulas para entregar os fertilizantes ao mercado.
O secretário destaca que isso é positivo, pois a fábrica já entraria em operação neste ano, os investimentos seriam realizados e o Brasil já teria inicialmente a importação e venda dos fertilizantes. “O Brasil vive uma crise de fertilizantes. Portanto, teríamos um investimento e uma oferta de fertilizantes em curto prazo”, frisou.
Verruck destacou que para a UFN 3 produzir e trabalhar na separação do gás precisa resolver a questão do fornecimento de gás e da tecnologia, pois a fábrica foi projetada em 2011. “O governo do Estado e prefeitura deixaram isso muito claro, que para nós, interessa a questão da separação, pois a misturadora seria algo de curto prazo. Em momento nenhum se discutiu a questão da não instalação da indústria, apenas a antecipação dos investimentos para que eles possam fazer o encadeamento estrutural. Mas essa questão, neste momento, se torna uma coisa irrelevante diante de uma questão tão grave, diplomática e econômica”, frisou.