Na última terça-feira (1º), foi realizado em São Paulo o “MS Day”. O evento do Governo do Estado, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), apresentou as potencialidades da região e garantiu o fechamento de novos investimentos na ordem de R$ 5,5 bilhões em negócios. A secretária de Parcerias Estratégicas de Mato Grosso do Sul, Eliane Detoni, ressaltou a importância do evento para a apresentação nacional de Mato Grosso do Sul aos empresários e investidores. O evento reuniu aproximadamente 400 empresários e CEOs de 25 diferentes setores da economia.
O apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi fundamental para a grande participação das empresas na capital financeira do país, durante o MS Day. E como você avalia o resuldado dessa iniciativa?
Eliane Detoni: O MS Day foi uma iniciativa de sucesso. Foi uma excelente oportunidade pra que a gente pudesse apresentar para o mercado nacional, para os investidores, para os grupos interessados em investir no nosso estado, as nossas potencialidades. E também mostrar como o estado está estruturado pra recebê -los, porque isso é muito importante. O mercado quer entender melhor para onde ele vai, com quem ele vai conversar, quais são as condições, como é que o Estado está preparado do ponto de vista de segurança jurídica, de atração de investimentos. Realmente foi uma oportunidade incrível pra gente, porque traz visibilidade para os nossos projetos. E a gente sabe que quanto mais visibilidade, mais competitividade e melhor resultado a gente tem nos nossos leilões e nas nossas solicitações de parcerias. Sem contar que a gente conheceu também um pouco do ponto de vista do mercado.
Qual era a maior curiosidade dos empresários que estiveram nos stands do MS Day?
Eliane Detoni: Nós tivemos vários stands, então, os empresários puderam percorrer todas as áreas, todos os setores do governo. Do nosso setor que trata de projetos de parcerias, parcerias público privadas, PPPs, de concessões, também. É um ponto muito caro para a gente, que realmente me chamou bastante atenção e se referiu à governança. Como o Estado está preparado, do ponto de vista de governança para atuar com esses projetos, para gerir esses projetos de longo prazo, porque todos esses projetos que a gente estrutura são projetos de longo prazo, falando de vinte, trinta anos para a execução. Portanto, é importante que a gente tenha os nossos regulamentos, a nossa estrutura, muito bem pensada, para que a gente tenha bastante confiança, confiabilidade e transparência nas nossas ações. Talvez esse seja o ponto mais importante pra que a gente tenha resultado nos bons projetos e nas boas parcerias que a gente tem feito. Então é tudo divulgado de forma muito clara, muito transparente. Todas as nossas ações estão reguladas, já estão publicadas. Isso traz bastante confiança entre as partes, porque as regras estão claras. E temos atraído um bom mercado. Um mercado que já tem muita maturidade nos setores que a gente estrutura projetos.
Alguns empresários não conheciam Mato Grosso do Sul nesse olhar, com o projeto do Carbono Neutro e a Rota Bioceânica., por exemplo. Quais áreas estão sendo priorizadas?
Eliane Detoni: A gente está cuidando mais dos projetos de investimento em infraestrutura, os quais estão diretamente ligados às empresas, às indústrias, às plantas de papel e celulose que a gente está vendo agora em Inocência e também em Ribas do Rio Pardo, porque isso impacta muito na nossa estrutura. Temos um olhar muito cuidadoso, muito planejado. Temos feito uma análise de planejamento estratégico para o estado muito alinhada, não só à essas indústrias que estão chegando, mas também às necessidades da população. Então, essas demandas que a gente recebe, primeiro elas vêm de onde o Estado precisa melhorar a sua prestação de serviço. A gente faz toda uma análise para entender se essa prestação de serviço vai se ajustar melhor com a iniciativa privada ou na mão do Estado, porque nem todo projeto se adapta bem.
Nem todo projeto é uma Parceria Público-Privada não é?!
Eliane Detoni: Exatamente, nem todo projeto se presta a ser uma PPP. A gente precisa fazer estudo de pré-viabilidade para entender se vale a pena todo esse esforço, pois realmente, são projetos muito complexos. Projeto de longo prazo pela sua própria característica de vinte, trinta anos, ele já tem um um grau de incompletude, porque a gente não consegue prever tudo que vai acontecer daqui a vinte anos. É por isso que se exige muito para que projeto seja muito bem estruturado, para que a gente só coloque na rua quando ele estiver muito maduro. Todas essas empresas que já estão se instalando e que virão pro estado, certamente elas também põem uma demanda maior na nossa infraestrutura.
O transporte é um dos maiores gargalos atuais do estado. Isso é urgente?
Eliane Detoni: Exatamente. Estamos fazendo uma análise que envolve toda a estrutura do Estado do ponto de vista de modais de transporte, não apenas rodoviário, que já é uma constante no nosso Estado, onde temos cinco rodovias hoje concessionadas. Estamos estudando agora um novo lote bastante importante que vai para essa região de São Paulo e Três Lagoas, que é a BR-267 e a BR-262, que já têm uma demanda que justifica a gente fazer uma concessão. A MS-040 também. Essa já é uma parceria com o Governo Federal porque a gente trabalha com uma composição de rodovias estaduais e rodovias federais. Essa relação de parceria de confiança com o Governo Federal funcionou muito bem aqui em Mato Grosso do Sul, tem dado bons resultados e quando a gente pensa em melhorar a trafegabilidade dessas rodovias a gente não só pensa no transporte de cargas. E, para que a gente consiga fluir melhor a nossa produção agropecuária, mas especialmente para que a gente tenha mais segurança para os usuários dessas rodovias.
Tivemos um balde de gelo em relação a malha ferroviária. Vocês estão tentando fazer um caminho inverso, convencer o setor empresarial primeiro sobre a malha ferroviária?
Eliane Detoni: É, essa decisão acho que do Tribunal de Contas da União, entendendo que pode sim continuar a ser conduzido pelas concessionárias que hoje estão tanto na BR-163 quanto na malha ferroviária. É um projeto desafiador, a malha ferroviária no país todo. Então, eu acho que tem muito a se fazer, tem muito a se estudar, mas nós tivemos vários grupos do setor ferroviário lá em São Paulo, no MS Day. Então, o que eu posso dizer é que realmente o setor tá olhando para Mato Grosso do Sul e tá olhando essa potência que é Mato Grosso do Sul em relação à segurança e aos investimentos que eles possam fazer aqui.
A mudança da política tributária dificultou os trabalhos em algum sentido?
Eliane Detoni: É um desafio também. Nada vai acontecer do dia para noite, tem um período todo de transição, mas eu acho que a gente tem uma luz no fim do túnel, acho que o cenário é é positivo sim.
Como você enxerga o futuro do Estado?
Eliane Detoni: Nós só enxergamos para o futuro, mas para todos os projetos que a gente faz, pois tem entregas já contratadas e muito bem definidas ao longo de dez, quinze, vinte, trinta anos. Claro que a gente tem sempre nos primeiros anos, o período de maiores investimentos, mas depois a gente tem o período de operação de todos esses ativos. Eu enxergo que o Estado cada vez mais tenha que assumir a sua função de regulador e de fiscalizador e cada vez mais estabelecer essas parcerias. Todos os estudos apontam realmente pra um cenário aonde você tem uma estrutura do lado público de muita segurança, do ponto de vista de governança para esses contratos, e de resultados muito melhores quando o privado faz essas entregas. Porque o objetivo de fazer tudo isso é um só: é o demelhorar a prestação de serviço pros usuários, é isso que a gente precisa com essas entregas.