Sob uma plateia atenta a cada análise, o ex-presidente do Banco Central apresentou as perspectivas para a economia brasileira diante do quadro econômico internacional e os cenários para o Brasil a partir do ano que vem. Para o especialista, a inflação deve começar a cair em meados de 2023, com a normalização das cadeias produtivas e o recuo no custo do frete marítimo.
Gustavo Loyola alertou que o mundo vai crescer menos no próximo ano, e a expectativa é de recessão em vários países, por causa da política monetária restritiva, o que deve manter o dólar em alta. Nesse contexto, ele avalia que a situação ficará mais difícil para as economias emergentes e para o Brasil. A projeção de crescimento da economia global para 2023 é em torno de 2% apenas. No Brasil os juros devem permanecer altos até 2024, de acordo com a Tendências Consultoria Integrada.
"No Brasil não teremos recessão, mas sim um baixo crescimento. E é interessante se observar que é uma situação totalmente oposta ao que o Lula encontrou lá em 2003. Naquele momento, a economia global ía de 'vento em popa', o preço das commodities estava em alta, juros eram baixos. Agora, a situação mundial é bem mais complexa. Não é ainda uma situação de crise internacional como foi 2008 e 2009, mas é mais difícil para as economias emergentes", explicou o ex-presidente do BCB.
Para Loyola, o Brasil tem condições de enfrentar bem esse processo "principalmente porque a nossa dívida externa está baixa, porque o país tem US$ 300 bilhões em reservas internacionais. Mas nós temos um ponto fraco que é a política fiscal", alertou.
Ao final, o economista frisou que tem esperança e confiança no país. "O Brasil não está à beira do precipício. O Brasil tem instituições fortes […] O Brasil não está à beira de uma crise econômica. O Brasil não vai virar uma Venezuela e nem vai virar uma Argentina, porque há uma série de mecanismos para evitar isso. Um exemplo foi quando o futuro governo do PT acenou pró-política fiscal irresponsável, os mercados reagiram, e tem também o Congresso. Faz parte da democracia ter governos bons e governos ruins", concluiu Loyola.