A criação do programa “Governo Presente”, que estreou em Três Lagoas nesta semana, pode ser a correção de uma deficiência que a cidade – e a maioria dos municípios – enfrenta no distanciamento com o governo estadual. A “transferência” do comando do Poder Executivo para a cidade, por dois dias, com a presença do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e secretários, sinaliza que a busca por soluções de problemas pode deixar de enfrentar a dificuldade.
A iniciativa do governo se torna paralela ao caminho que muitos prefeitos tentam traçar para ter acesso mais rápido a secretários e ao governador – o real ordenador de despesas. A burocracia, as agendas sempre lotadas, planejamento deficiente e intercorrências sempre espicham a distância dos municípios com o governo central.
O modelo administrativo do país preconiza que seja assim. Municípios são subordinados aos Estados e estes são dependentes da União – o caixa central da maior fatia de impostos que municípios e Estados arrecadam. Esse modelo é constitucional e faz parte da República. Não há meio de ser alterado porque este ou aquele prefeito não consegue encurtar a distância com “seu” governo superior. Por isso, é apropriado que o poder estadual se aproxime do municipal em ações como a lançada nesta semana.
Por dois dias, prefeitos de 14 cidades da Costa Leste puderam aproveitar a oportunidade de apresentar reivindicações a Azambuja tendo o secretário da pasta afetada sentado na mesa ao lado. E com grandes chances de conseguir o “sim” para a reivindicação. Ou, ao menos, ver carimbos no documento entregue.
Mais ainda. A aproximação com o governo, tendo a intermediação como a feita pelo deputado estadual Eduardo Rocha (MDB), fecha o ciclo das negociações que envolvem política e dá funcionamento completo aos mecanismos necessários de acesso aos recursos que municípios precisam. Também é chance de debater sobre leis, indicações e atividades parlamentares.
O Estado é célula independente em muitos aspectos, diante da União. Mas, o município é bem mais dependente em relação ao Estado. A aproximação entre governantes dos dois entes tem o poder de corrigir a deficiência.