Confirmou-se a polarização entre os dois candidatos à Presidência da República e o favoritismo do ex-presidente Lula, que obteve mais votos que o presidente Bolsonaro. Por isso, haverá um segundo turno para apurar se a diferença de quase seis milhões de votos permanecerá ou não. Enfim, se o resultado poderá ser revertido pelo candidato que ficou em segundo lugar.
O fato é que a disputa continua muito acirrada diante das diferentes propostas de um e de outro, as quais estão calcadas em pontos de vista ideológicos e partidários. As urnas eletrônicas checadas e conferidas, mais uma vez atestaram a exuberância do pleito e a precisão dos resultados. A Justiça Eleitoral deu exemplo para o mundo e principalmente para a América do Norte e Europa de que aqui no Brasil o pleito eleitoral transcorre em ambiente sereno, tranquilo, sem tumulto e com muita precisão na apuração do resultado, além da rapidez com que se dá a apuração dos votos.
A observância da lei foi rigorosa. Não se apurou danos que porventura poderiam dar lugar à fraudes ou nulidades. A Justiça Eleitoral esteve e está muito vigilante na sequência do segundo turno, que convoca o eleitorado para o próximo dia 30 de outubro. Está aparelhada com pessoal e estruturada com tecnologia. Certamente, terá que apurar considerando o universo do quadro eleitoral, poucas infrações. Uma nova situação surge entre partidos – a cláusula de barreira – que alcançará aqueles partidos que não conseguiram obter o quociente eleitoral exigido.
Essa barreira proporcionará a diminuição de partidos nas Casas legislativas por conta do baixo índice de eleição de seus candidatos ou por não terem alcançado 2% dos votos válidos ou representação em pelo menos nove Estados. Partidos que elegeram candidatos, mas não que alcançaram os índices exigidos conforme legislação eleitoral irão tentar se aglutinar nas federações partidárias. O fim de partidos de inexpressiva representação, considerados de aluguel, os quais invariavelmente atuam a serviço de candidaturas é mais do que salutar para a democracia, pois seus dirigentes deixarão de usufruir das benesses das verbas partidárias. E do poder que corrompe.
Esse é o início da limpeza do quadro partidário que proporcionará a diminuição do número exagerado de partidos políticos no país com baixíssima densidade eleitoral. O partido político para ter densidade, terá, doravante, formar quadros com filiados comprometidos com a sua doutrina e seu programa, enfim, sua bandeira. Gradativamente, estamos caminhando para o fim das sessões partidárias em estados da federação, os quais, indisciplinadamente, não acompanham as deliberações de seu Diretório Nacional.
A liberação de parlamentares eleitos e filiados para atuarem nas correntes partidárias e ideológicas como bem entenderem constitui uma aberração. A fidelidade partidária é um requisito que não pode ser colocado de lado, porquanto, o candidato eleito ou o simples afiliado tem dever e compromisso com o seu partido e suas deliberações. Esse quadro que permite que cada membro de partido ou seu representante investido em mandato decorrente de eleição, busque o caminho que entender sem ouvir ou aceitar a deliberação do próprio partido, é a causa maior do tumulto que hoje vive o quadro dos partidos políticos no Brasil. Passa da hora em termos um resultado de eleições que redunde nas práticas mais éticas e de interesse da nacionalidade e do povo. Chega do salve-se quem puder.