O setor agropecuário em Três Lagoas tem conseguido sobreviver ao avanço do plantio de eucalipto para atendimento da demanda de duas fábricas de celulose instaladas no município. De acordo com dados do IBGE, até dezembro de 2014, o rebanho bovino da cidade era de 616 mil cabeças.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas, Marco Garcia de Souza, com a expansão das florestas, houve uma diminuição no rebanho bovino. Na década de 1990, o município chegou a ter um milhão de cabeça de gado.
Para o presidente do Sindicato Rural, a tendência por conta da expansão das fábricas de celulose, as quais ainda não atingiram as áreas de florestas plantas, é que o rebanho chegue a aproximadamente 500 mil cabeças. “Nos próximos dois anos, a tendência é que as indústrias continuem ocupando área de pastagem, já que estão ampliando e não atingiram o plantio suficiente para atender a demanda da ampliação. Agora, em relação ao rebanho, não deve reduzir tanto porque está havendo grande produtividade. Está se produzindo mais em um espaço menor”, esclareceu.
VALORIZADA
Pecuaristas ouvidos pela reportagem, dizem que a pecuária em Três Lagoas passa por um bom momento, mesmo diante da crise econômica e da expansão do eucalipto. Segundo Marco Garcia, devido à redução da oferta, houve valorização do produto.
Souza informou que, de 2014 para 2015, houve uma das maiores valorizações no mercado do boi gordo e bezerro para comercialização. Do ano passado para 2016, segundo ele, houve uma estagnação nos preços em relação aos anos anteriores. No entanto, devido à supervalorização ocorrida de 2014 para 2015, é possível se ter boa rentabilidade. “Tivemos uma inflação de 10%, mas a inflação dos produtos agropecuários foi de 17%. Devido a esse aumento no valor dos produtos, o preço da arroba ficou estagnado”, explicou.
O preço médio da arroba do boi gordo em Mato Grosso do Sul é de R$ 136, já do bezerro, R$ 1,4 mil. “Há um ano, o cenário estava melhor, mas os pecuaristas estão pagando as contas e a pecuária não está dando prejuízo. Ainda dá uma rentabilidade”, destacou.
A mesma opinião tem o ex-presidente do Sindicato Rural de Três Lagoas, David Castro Borges. Segundo ele, o setor passa por um bom momento, apesar do atual cenário econômico. “Poderíamos ter uma pecuária leiteira de melhor qualidade, porque Três Lagoas importa 80% do leite pasteurizado. Poderíamos ter uma indústria para gerar empregos. A pecuária em si vai bem. Houve uma diminuição no rebanho devido ao eucalipto, mas é uma atividade que paga as contas. É um setor que, se bem profissionalizado, sobra alguma coisa”, frisou.
Os dois líderes entendem que o plantio de eucalipto não prejudica a pecuária. Pelo contrário, enxergam como alternativa para quem quer arrendar a terra. “ Antes, o proprietário só tinha a pecuária. Agora, ou continua atuando nessa atividade ou virá parceiro das indústrias”, salientou Marco Garcia. Em alguns casos, fazendeiros arrendaram parte da área para o plantio de floresta e na outra metade mantêm a pecuária. “O boi e a floresta juntos é interessante”, acrescentou David Castro Borges.