Os investimentos de quase R$ 20 bilhões que serão aplicados no projeto de expansão das fábricas de celulose, em Três Lagoas, vão garantir o crescimento da economia em Mato Grosso do Sul nos próximos anos , segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, Jaime Verruck. Na entrevista especial da semana, o secretário faz uma avaliação dos trabalhos à frente da secretaria e de como está o projeto de desenvolvimento regional para atrair indústrias para as demais regiões do Estado.
Jornal do Povo– O que representa para o Estado a expansão das fábricas de celulose em Três Lagoas?
Jaime Verruck– Representa para o Brasil um dos maiores investimentos em andamento. Para Mato Grosso do Sul, a expansão das duas fábricas juntas representa aumento no PIB [Produto Interno Bruto] em torno de 6%. Portando, a economia sul-mato-grossense, já está com uma garantia de crescimento para os próximos anos em função desses dois investimentos, e para Três Lagoas, nem se fala.
JP– Além da expansão das fábricas de celulose, Três Lagoas contará também com expansão da Cargill, a empresa já deu uma data para quando vai iniciar o projeto de ampliação?
Verruck– O projeto de expansão da Cargill começa imediatamente. Na semana passada, entregamos a Licença Ambiental e assinamos os incentivos fiscais, ou seja, a Cargill está pronta para iniciar as obras, previstas para começar nas próximas semanas.
JP– Como está o trabalho do governo do Estado para colocar em prática o projeto de desenvolvimento regional?
Verruck– Estamos indo, permanentemente, atrás dessas empresas que estavam com a intenção de investir no Estado. Perguntamos: o que elas precisam para investir? Para que os empresários tomem a decisão de investir imediatamente. Quanto à questão do desenvolvimento regional, já concluímos o projeto para enviarmos nas próximas semanas para a Assembleia Legislativa, prevendo incentivos fiscais diferenciados. Por exemplo, a Cargill, se ela quisesse se instalar em Selvíria, ao invés de ela ter 67% de isenção de ICMS que tem para se instalar em Três Lagoas, teria até 4% adicionais para compensar essa dificuldade maior de logística e mão de obra. Vamos criar um ambiente favorável, mas a decisão continua sendo das empresas. Isso é importante para que consigamos distribuir um pouco mais das indústrias nos pequenos municípios de Mato Grosso do Sul. Aqui na Costa Leste é evidente, Três Lagoas, Aparecida do Taboado, são municípios industrializados, mas outros municípios não tiveram esses benefícios. A ideia desta política é deslocar um pouco a empresa, de tal forma que, ela possa ficar próxima a Três Lagoas a Aparecida também, mas invista nos municípios menores também.
JP– E por falar em incentivos, o governo do Estado encaminhou para a Assembleia Legislativa projeto de Lei que reduz a alíquota do ICMS sobre o diesel, o que o governo espera com isso?
Verruck– A maioria dos caminhões abastecem outras cidades que fazem divisa com o nosso Estado, porque o preço é menos elevado. A ideia do governador é reduzir o preço do diesel, através da redução do ICMS, e aumentar o volume. A expectativa é que consigamos dobrar o volume de diesel abastecido no Estado. Com isso, alguns postos, que estavam praticamente fechados na região de fronteira, serão reativados, e assim aumentaremos a arrecadação. A nossa ideia é tornar o diesel mais basto e mais competitivo.
JP– O que fazer para garantir que o preço do diesel chegue realmente mais barato ao consumidor?
Verruck-Essa é uma preocupação, pois se não houver o aumento no consumo do diesel, existe uma estimativa que vamos perder mais de R$ 100 milhões em receita, e o governo não tem condições de suportar isso. Por isso, vamos monitorar muito forte todos os postos de combustível, e já fizemos um acordo com o sindicato do setor para que haja a redução do preço. O governo vai reduzir o ICMS, mas o proprietário terá que reduzir o preço para que tenha aumento de consumo.
JP-Na sua avaliação, Mato Grosso do Sul está conseguindo enfrentar esse momento de crise tranquilamente, ou não?
Verruck-Não é tranquilamente, temos uma preocupação muito grande com a arrecadação que caiu, não somente no nosso do Estado, mas em todo o país. Temos uma preocupação de monitoramento de nossos custos muito forte dentro do governo. E o governador tem sido muito implacável em relação aos gastos, para que a gente não tenha nenhum risco com essa arrecadação que caiu, e que seja suficiente para que a gente consiga fazer frente a todas nossas demandas. Agora, fica restritiva a questão de investimentos por parte do governo. Como o governo federal restringiu a questão dos seus investimentos, o governo estadual também tem dificuldades de aportar o seu dinheiro em investimentos. Por isso,temos que focar no custeio, e em investimentos privados.
JP– Qual a avaliação que o senhor faz desses quase seis meses de governo?
Verruck– Estou extremamente satisfeito, primeiro com a melhoria que possamos enxergar no governo. Na área ambiental, já entregamos 100 licenças ambientais a mais do que foram entregues em 2014. Fizemos isso através de formação e troca de equipe, e principalmente através de alteração de procedimento em relação à licença, criamos um manual com mais transparência e facilidade para quem pretende fazer o licenciamento. Em relação à atração de desenvolvimento, acho que não poderia estar na secretaria em um melhor momento. Nós já temos praticamente confirmados neste primeiro semestre mais de R$ 20 bilhões em investimentos, mas temos ainda um grande caminho a percorrer, mas eu que venho do setor privado, acho que tenho condições de cumprir ainda muito com o governo.