Não há dúvidas em nem variações em previsões do empresário Nilton Antônio Pires Júnior sobre o desenvolvimento de Três Lagoas nos próximos 10 anos. “Não há crise em Três Lagoas. Pode anotar o que digo: esta cidade vai dobrar de tamanho num prazo de 10 anos. O potencial daqui é muito grande e deve ser registrado agora. Estou nessa cidade há 20 anos e acredito que o crescimento atingido até agora é só uma parcela do que ainda há de vir”, afirmou durante uma entrevista em que mescla parte de sua história familiar, o surgimento do Grupo Pioneiro e investimentos que projeta para os próximos anos.
Jornal do Povo – O sr. é formado em engenharia civil e possuía uma carreira estabilizada quando montou o primeiro posto, em 1990. Como surgiu a ideia de trabalhar com o mercado de combustíveis?
Nilton Antônio Pires Júnior – Entre 1973 e 1990 era proibido abrir postos no Brasil. Os postos, inclusive, eram obrigados a fechar aos sábados e domingos. Então, o ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, abriu a permissão para a montagem de postos. Foi aí que, depois de me instalar em Paranaíba – onde minha mulher já residia na época da faculdade – decidi instalar um posto na cidade.
JP – O ex-presidente faz parte de um marco em sua vida empresarial?
Nilton – Sim. Sem dúvida, mas relativa. Ele era uma pessoa bastante instruída, jovem e de boas ideias. Mas, se perdeu na corrupção e hoje é visto que, mesmo com o impeachment, ele não aprendeu. Ele fez coisas interessantes, mas outras ruins também. O confisco da poupança, por exemplo, foi um crime lesa-pátria (traição ao país). Houve inúmeros suicídios por causa do confisco. Mas, também, ele abriu o mercado de importação e exportação. E poderia ter sido um estadista. Mas, se perdeu na corrupção e na vaidade. Foi uma pena.
JP – Após Collor de Mello, veio o presidente foi Itamar Franco, que era vice na época. Como foi esta sequência?
Nilton – Um era jovem, inteligente, conhecia o mercado. O outro era antiquado, com pensamentos velhos. Enquanto um disse que os carros brasileiros eram carroças – e eram mesmo – o outro fez retornar a fabricação do Fusca, um carro que havia deixado de ser fabricado no mundo inteiro. Um olhava para traz e o outro, para frente. Mas, como Itamar fez um governo sem corrupção, foi um sucesso, porque ele correto. Tanto que elegeu o sucessor, Fernando Henrique Cardoso.
JP – O sr. fala em política com claro conhecimento de fatos. O sr. possui pretensões políticas?
Nilton – Não. Hoje a política é bastante difícil, e sempre você acaba se sujando. Para se fazer uma política correta, é preciso contrariar uma série de interesses e hoje é difícil. Eu, na verdade, estou muito triste com a política, muito triste.
JP – Mas, em algum momento, o sr. já teve pretensões de se candidatar?
Nilton – Não é que eu tenha tido pretensões políticas. Eu tenho vontade de mudanças. Em Paranaíba, por exemplo, existe uma creche de 1.200 metros quadrados, com 10 salas de aula, refeitório, fraldário; os banheiros são adaptados para crianças. Um show a creche. Eu a construí. Pus do meu dinheiro, com a ajuda de mais quatro amigos e o Rotary de Paranaíba. Chegava ao final do mês não tinha dinheiro para pagar os pedreiros, eu punha do meu sempre. Também doei moto para a polícia, fui presidente do Conselho de Segurança; doei todo o material para fazer o prédio da Polícia Rodoviária Federal, doei boa parte do material para fazer a mudança de prédio dos bombeiros; eu sempre ajudei a cidade. E achava que poderia ajudar mais, mas não quero saber de política.
JP – O sr. tem vários investimentos em Três Lagoas, inclusive a inauguração do posto número seis da rede Pioneiro, segunda-feira, na avenida Ranulpho Marques Leal. Por que investir na cidade, hoje, em meio a uma crise econômica nacional?
Nilton – Em Três Lagoas não há crise. Foi uma cidade que cresceu muito nos últimos 10 anos. Eu estou aqui há 20 anos, desde os tempos do ex-prefeito [José Pedro] Batiston, quando a cidade ficou com lixo acumulado pelas ruas, asfalto esburacado e muitos outros problemas; depois entrou o dr. Issan Fares, que fez um excelente primeiro mandato e foi razoável no segundo; em seguida, entrou a ex-prefeita Simone [Tebet], que fez um belíssimo mandato e Três Lagoas chegou até aqui.
JP – Há suporte na cidade, para que este desenvolvimento prossiga?
Nilton – É raro uma cidade com tudo que Três Lagoas possui. Energia tem; logística temos transporte rodoviário, aéreo, ferroviário e hidroviário. Temos todos os modais necessários para logística e estamos na rota para São Paulo e para Campo Grande. Há sim segmentos importantes instalados aqui, como tecelagens, fábricas de calçados, de geladeiras, de alimentos, cerâmica. Tudo isso por conta do potencial que a cidade possui.
JP – O que o sr. projeta para a cidade no futuro?
Nilton – Três Lagoas cresceu muito em 10 anos. Mas, nos próximos 10 vai ser uma explosão de crescimento. A cidade já a capital da celulose do mundo, mas não temos potencial apenas com o cultivo de eucalipto. Em breve, pelo que se sabe, a Petrobras deve negociar a indústria de fertilizantes, sem contar a expansão das fábricas de celulose e da Cargill, além de investimentos da Sitrel. Será uma explosão.
JP – Para o seu setor, o de combustíveis, conclui-se que as previsões são promissoras.
Nilton – Haverá 400 carretas por dia trafegando pela cidade. São ao menos 160 mil litros de diesel por dia para esta frota. E ainda, agora, que o governador [Reinaldo Azambuja] – um homem sério -, prometeu em campanha que iria igualar o ICMS sobre o diesel com os outros Estados, e cumpriu, temos um resultado que é o preço do diesel menor que o de qualquer outra localidade. Em todo o Mato Grosso do Sul, senão no país, nosso preço de diesel é o melhor. E atravessando a ponte, para o Estado São Paulo, não perdemos para nenhum posto. Apenas um deles se iguala ao nosso. Nós triplicamos a venda de diesel nos últimos três meses.
JP – E a gasolina? Também pode baixar de preço?
Nilton – O que impede a baixa [de preço] da gasolina é a pauta de formatação do preço, que é sobrecarregada principalmente pelo frete de transporte. O que poderia ser feito, agora, pelo governo estadual é a redução do ICMS sobre o etanol. Isto somente já seria muito bom. No Estado de São Paulo, a alíquota é de 12%. Aqui é 25%. Então, a diferença é muito grande.
JP – Como é, hoje, a configuração do Grupo Pioneiros?
Nilton – Hoje temos cinco postos de combsutíveis em pleno funcionamento; o sexto da nossa rede começa a funcionar segunda-feira, aqui em Três Lagoas. O posto número sete está em construção em Paranaíba. Ainda temos o TRR (abastecimento de combustível em empresas) aqui em Três Lagoas. Temos ainda duas lojas de pneus da marca Bridgestone; um supermercado e um atacado em Paranaíba, e estamos montando outro atacado aqui em Três Lagoas. Ainda temos as lojas de motos, de gás e de náutica.