Produtores rurais da região de Três Lagoas estão apostando na integração de lavoura e pecuária. O plantio de soja começa a ganhar adeptos na região da Costa Leste do Mato Grosso do Sul. Pioneiro no plantio direto do grão, Mateus Arantes, dono de uma fazenda em Selvíria, disse que iniciou o cultivo para recuperar pastagens e aumentar a rentabilidade da propriedade.
Através de uma parceria da Embrapa e Sindicato Rural, Mateus disse que vem ocorrendo o fomento do plantio integrado de grãos em áreas de pastagens, não apenas de soja, mas também milho que, segundo ele, é uma excelente opção para melhorar a renda da propriedade. “Essa integração se torna bem competitiva com o eucalipto”, destacou.
Desde 2008, acontece o dia de campo na fazenda São Matheus para divulgação da tecnologia em parceria com a Embrapa e o sindicato. A visita que começou com 50 pessoas, neste ano recebeu 450.
Mateus informou que tem plantado de 500 a 700 hectares de soja por ano. Na safra 2015/16, colheu 29 mil sacas de 60kg cada.
O produto de sua propriedade atualmente é entregue na empresa Cargill Agrícola de Três Lagoas. Na opinião do produtor, é possível obter bons resultados com o grão. “Planto soja desde 2000. Se não tivesse bons resultados já teria parado”, comentou.
Na região de Brasilândia, segundo ele, há outros produtores optando pelo plantio de soja, com objetivos semelhantes.
FAZENDA PERIQUITOS
A Fazenda Periquitos, em Três Lagoas, que no passado teve 60 hectares cultivados com coco, hoje também aposta na soja. Segundo a gerente da propriedade, a engenheira Cristiane Narimatsu, essa já é a terceira safra do grão.
O projeto, conforme ela, surgiu com a ideia de diversificar a atividade, para “fugir um pouco da pecuária” – ainda a principal atividade rural, além da monocultura do eucalipto. “Aliar a agricultura com a pecuária, além de estimular a diversificação, auxilia no desenvolvimento e fortalecimento do agronegócio, bem como melhorar os níveis de fertilidade do solo, valorizando a propriedade”, destacou.
Cristiane informou que o plantio de soja começou com 192 hectares e, na segunda safra, aumentou para 345 hectares. “É um projeto passível de expansão, mas optamos, por enquanto, em manter essa área, até conseguirmos estabilizar a produtividade de forma a ser rentável”.
Para quem quer iniciar no ramo, a engenheira alerta que o preparo inicial do solo tem um custo alto. Por isso, disse que é preciso planejar o investimento. “Nossa ideia é ampliar quando a área atual puder subsidiar também o preparo do solo das novas áreas”.
Segundo Cristiane, a safra deste ano foi finalizada nesta quarta-feira (30), com uma produtividade de quase 37 sacas/hectare, o que totaliza uma colheita de 765 toneladas de soja, sujo destino, também é a Cargill. “A vantagem em ter a indústria perto é diminuição nos custos com frete, escoamento e armazenamento da safra, além de termos algumas opções para finalização das vendas, ou seja, a empresa permite que negociemos à vista ou então com venda futura”, disse.
Na opinião dela, é possível investir em agricultura. “Nossa região tem um grande potencial. Trabalhamos numa área com 15% de argila, o que torna tudo muito mais audacioso. Falta manutenção de estradas e pontes; apoio técnico e mão de obra mais qualificada e também temos os veranicos durante a safra. Porém ,estamos com a terra mais preparada e, com isso, bastante perseverantes na manutenção do projeto. A vantagem da agricultura frente a pecuária é que, se tudo der certo, conseguimos em 4-5 meses uma rentabilidade que, às vezes, na pecuária, leva mais de 1,5 ano para retornar”, destacou a engenheira.