Está prevista para esta terça-feira, 30, uma reunião para decidir se a Sinopec, empresa que integra o Consórcio UFN 3, dará ou não continuidade a execução de obras na construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN 3) da Petrobras em Três Lagoas. Através de videoconferência, a prefeita Márcia Moura também deve acompanhar a reunião, quando será discutida também a situação dos fornecedores de Três Lagoas que não receberam até hoje seus créditos.
Na semana retrasada, a Petrobras comunicou oficialmente o rompimento do contrato desta obra com o Consórcio UFN 3, formado pela Galvão Engenharia e Sinopec, constituído exclusivamente para construir essa fábrica. Mesmo com o rompimento do contrato, segundo a prefeita Márcia Moura, a Sinopec pretende dar continuidade as obras. Na semana passada, representantes da Sinopec, que é uma empresa chinesa, estiveram no Brasil para tratar especificamente da fábrica de Fertilizantes, quando ficou agendada a reunião de hoje através de videoconferência para discutir o assunto.
Segundo o presidente da Associação Comercial, existe a possibilidade da Sinopec assumir a dívida com os fornecedores de Três Lagoas, bem como dar continuidade as obras. Outra possibilidade é a própria Petrobras assumir as dívidas com os fornecedores, assim como ocorreu em relação aos trabalhadores.
Reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” informou que para evitar a quebradeira no setor de óleo e gás e manter a política de uso de conteúdo nacional, a Petrobras está assumindo pagamentos de fornecedores devidos por empresas com as quais mantém contratos, inclusive, com três envolvidas na operação Lava Jato da Polícia Federal. Paralelamente, a estatal procura forma jurídica para encerrar os contratos vigentes com as empreiteiras que estão inadimplentes.
O jornal “Folha de S.Paulo”, informou que a Petrobras está agindo dessa forma em pelo menos em quatro casos distintos, entre eles do consórcio UFN III (planta de fertilizantes).
Ainda segundo a reportagem, para evitar a falência desses fornecedores, a estatal montou uma operação financeira chamada “conta vinculada”, na qual realiza o pagamento que as companhias contratantes deveriam fazer às menores, mas de forma a garantir que essas grandes empreiteiras não coloquem as mãos no dinheiro.
Essa á a esperança dos fornecedores de Três Lagoas, ou seja, que a Petrobras assuma a dívida diretamente com eles. Segundo levantamento da Associação Comercial, a dívida do Consórcio com empresários locais já ultrapassa os R$ 15 milhões. A falta de pagamento tem provocado um verdadeiro “efeito cascata” em Três Lagoas, afetando, inclusive o comércio local.
RETENÇÃO
Para tentar chamar a atenção das empresas, bem como da Petrobras, neste final de semana, o proprietário de um hotel em Três Lagoas reteve dois carros que pertencem ao Consórcio UFN 3.De acordo com o empresário Elder Ghaemelixs, o Consórcio deve para ele R$ 237 mil e para sua esposa que tem outro hotel, o Consórcio deve R$ 170 mil. Para sua irmã, que possui um restaurante industrial ao lado do hotel, são mais 340 mil. Elder informou que a energia do hotel já foi cortada por falta de pagamento.
De acordo com o empresário, eles investiram valores altos para atender a demanda desta fábrica, em especial a Petrobras que determina uma série de requisitos para que as empresas sejam uma fornecedora da estatal. “Tivemos que colocar ar- condicionado em todos os quatros, requisitar uma série de licenças para o funcionamento do hotel, entre outras providências, mas jamais imaginamos que uma obra da Petrobras pudesse causar prejuízos”, declarou.
Segundo este empresário, houve a necessidade de demitir 16 funcionários, o restaurante fechou e ainda tem recebido ameaças por não conseguir pagar a dívida que contraiu. “O Consórcio fechou, os representantes foram embora, mas nós não, pois temos que ficar a aqui e dar a cara a tapa”, declarou.
No pico da obra, Elder contou que chegou a alojar 400 pessoas que prestavam serviço na fábrica de fertilizantes. Agora, abriga apenas um funcionário no hotel. Além disso, quatro quartos estão ocupados com malas de funcionários do Consórcio que foram embora.