M ato Grosso do Sul vive um processo de retomada da malha ferroviária com investimentos que vão escoar grãos, minério, carne a celulose em um cenário de desenvolvimento. Isso será possível graças as parcerias firmadas entre o Governo do Estado e do Paraná e de empresas privadas. Pelo menos seis projetos estão tramitando hoje no Ministério da Infraestrutura que vão garantir 560 quilômetros de malha ferroviária.
De acordo com o Ministério da Infraestrutura (MInfra), os pedidos se referem a Ferroeste, ligando Maracaju a Dourados, que está em andamento; um da Eldorado Brasil Celulose, para construir ferrovia entre Três Lagoas e Aparecida do Taboado no montante de R$ 890 milhões; um da empresa MRS com objetivo de interligar Três Lagoas a Panorama no total de R$ 1 bilhão e mais cerca de R$ 3 bilhões da Suzano, saindo de Ribas do Rio Pardo a Inocência e de Três Lagoas a Aparecida do Taboado. Considerando que o valor médio para implantar cada quilômetro de ferrovia é de R$ 10 milhões, as solicitações podem garantir investimentos de R$ 6 bilhões.
Ferroeste
A mais avançada delas é a Nova Ferroeste que já está em processo de licenciamento ambiental. A ferrovia prevê a construção de uma estrada de ferro entre o Mato Grosso do Sul e o Litoral do Paraná. Ao todo, 1.304 quilômetros de trilhos vão conectar Maracaju (MS) a Paranaguá (PR), além de um ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu. Os investimentos somente no trecho de MS que terá inicialmente 76 km e já está em andamento superam R$ 1,2 bilhão. Mas o projeto é grandioso e vai levar de grãos a carnes dos principais polos produtivos de MS até o Porto de Paranaguá e até Santa Catarina.
“No caso da Nova Ferroeste, já entregamos o EIA Rima. Então a Ferroeste é a que tem a tecnologia mais adequada, porque já é uma ferrovia existente no Paraná e está incorporada no projeto que vai de Paranaguá até Maracaju. Recentemente nós tivemos a autorização da ligação de Dourados a Maracaju que passa a compor a ferrovia com um prazo aí de concessão de 99 anos. Isso é extremamente positivo em termos de prazo”, salientou o secretário de Meio Ambiente e Produção, Jaime Verruck.
Ele atribui este avanço na reativação da malha ferroviária estadual ao regime de autorização que foi aprovado recentemente como novo marco regulatório das ferrovias. “Esse foi um grande avanço no Brasil desregulamentando e criando o novo marco relatório da ferrovia. A lei foi amplamente discutida. Então isso foi extremamente positivo para o desenvolvimento ferroviário e um dos primeiros trechos autorizados foi exatamente de Dourados até Maracaju. Foi um trabalho intenso, que nós fizemos junto ao Congresso Nacional, junto a ministra Tereza, ao ministro da infraestrutura e que culminou com o novo marco regulatório do Brasil”, destacou.
Para se traçar o trecho, Verruck afirma que o licenciamento teve toda uma preocupação de passar longe de unidades de conservação e áreas indígenas. “O projeto buscou preservar os patrimônios naturais, exatamente para evitar que que se tenha aí uma demora na implantação da ferrovia”, admite. Ele lembra que com a Ferroeste serão oito municípios beneficiados passando de Mundo Novo até toda a região produtora. “Então o cenário é nós ainda levarmos para a B3 a leilão, a nova Ferroeste, Mato Grosso, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e Paraná juntamente”, afirmou.
Ferrovia da Celulose
No outro extremo do Estado, a celulose é a locomotiva que puxa os investimentos. O interesse existe porque as empresas do setor buscam alternativas ao transporte rodoviário para exportar a produção de mais de 4 milhões de toneladas de celulose produzidas em Três Lagoas por ano que movimentaram em 2021 mais de R$ 8 bilhões.
E mais a expectativa é que o volume vai quase dobrar com o Projeto Cerrado da Suzano que prevê a instalação de uma unidade em Ribas do Rio Pardo que vai produzir 2,5 milhões de toneladas ano de celulose, com investimentos de R$ 19,3 bilhões, sendo que R$ 4,6 bilhões são para atividades florestais, na estrutura logística e outras iniciativas previstas em projetos.
Por isso foi apresentado no Ministério da Infraestrutura o pedido para construção de trechos Ribas do Rio Pardo a Inocência, e um entre Três Lagoas e Aparecida do Taboado.
Também a Suzano está viabilizando o acesso à malha férrea da empresa Rumo, que já é ligada ao porto marítimo paulista. Além disso já houve uma homologação e autorização de projetos de retomada de novas malhas na Costa Leste do Estado. “Na verdade, a partir da indústria Eldorado que é um pouco acima de Três Lagoas estão fazendo um ramal até Aparecida do Taboado onde conecta na Ferro Norte.
No local já existem dois terminais um da Suzano e um da Eldorado. E houve os pedidos também da Suzano também conectando na Ferro Norte e esse trecho”, adiantou o secretário. Verruck acrescenta que a Suzano também prevê uma ferrovia no mesmo trecho da Eldorado, de Três Lagoas a Aparecida do Taboado. “Nesse sentido tem uma solicitação também da Suzano de Três Lagoas até Aparecida do Taboado. Então ali acredito que a gente vai ter depois um consenso. Não existirão obviamente duas ferrovias paralelas uma a outra. O que deve ocorrer é um acordo operacional até pelo nível de investimento”, pontuou.
O secretário ainda afirmou que existe um outro pedido também ligando Três Lagoas até o município de Brasilândia. “Do outro lado nós temos uma ferrovia também que é em Panorama onde é a malha paulista para se colocar a produção. Estes trechos devem ser autorizados”, destacou.
Malha Oeste
Após ser desativada em 2014, a outra ferrovia que pode ser reativada em partes no Estado é a Malha Oeste, que liga Mairinque até Corumbá e Campo Grande até Ponta Porã. “Essa malha, ela está em estudo. Foi contratado um consórcio que está fazendo todos os levantamentos, e o Governo está participando ativamente desse processo. Da mesma forma, a previsão é finalizar os estudos agora no primeiro semestre e se estabelecer o processo de religação para o final do segundo semestre. Então esse é o objetivo da Nova Malha Oeste”, enfatizou.
O secretário destacou, no entanto, que os estudos da Malha Oeste, ainda não tem nenhuma solicitação formal no Ministério da Infraestrutura.