Apresentado pela Fiems, o potencial da indústria de Mato Grosso do Sul despertou a atenção de embaixadores de sete países que compõe o chamado Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) e, nesta sexta-feira (14), estiveram reunidos com empresários e autoridades no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande. Representantes do Myanmar, Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Cingapura e Vietnã vieram em busca de informações sobre a Rota Bioceânica, a ser viabilizada com a construção de uma ponte sobre o Rio Paraguai que ligará o Brasil, via município de Porto Murtinho, no sul do Estado, aos portos do Chile, facilitando o acesso local ao mercado asiático.
Na reunião, foi definido que a Fiems será o ponto focal da interlocução entre os empresários sul-mato-grossenses e potenciais investidores do bloco e que, após este contato inicial, haverá um estreitamento das relações entre a iniciativa privada. O presidente da Fiems, Sérgio Longen, também comentou que as operações comerciais entre a indústria de Mato Grosso do Sul e os sete países do bloco econômico ainda são tímidas – o Estado exportou US$ 287,7 milhões e importou US$ 36,3 milhões em 2019, segundo levantamento do Radar Industrial da Fiems –, mas apostou que, com o novo corredor bioceânico, a movimentação alcance US$ 1,5 bilhão por ano.
Novos horizontes
“Com a Rota Bioceânica Mato Grosso do Sul vai superar um dos maiores gargalos logísticos, que vai assegurar um expressivo ganho de competitividade para os produtos sul-mato-grossenses, encurtando em 7 mil quilômetros, a partir de Campo Grande, o acesso ao mercado asiático, o que representa duas semanas a menos no tempo de viagem”, declarou Sérgio Longen. Sobre os números da integração entre o Estado e os países asiáticos, ele enxerga horizontes de oportunidades para todos os lados, tanto exportando nossos produtos, quanto importando os produtos do sudeste asiático. “Fica muito contente de, pela primeira vez, termos a oportunidade de sentarmos juntos e temos todo interesse em fortalecer as relações comerciais com os países que vocês representam”, reforçou.
Enquanto presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o senador Nelson Trad viabilizou a vinda dos representantes asiáticos. “Estes representantes de sete países vieram conhecer in loco o potencial de Mato Grosso do Sul. A bancada federal do nosso Estado está comprometida em levantar, via emenda, os recursos da União para viabilizar a conclusão da rodovia que vai ligar Porto Murtinho à ponte sobre o Rio Paraguai”, assegurou.
Oportunidades
O governador Reinaldo Azambuja afirmou que enxerga na integração entre Mato Grosso do Sul e os países asiáticos “horizontes de oportunidades para todos os lados, tanto exportando quanto comprando produtos”. Representando o governo federal, o ministro de carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro, destacou que, atualmente, o Brasil e Mato Grosso do Sul são dependentes do mercado da China e que a aproximação com os países da Asean representa novas oportunidades. “O novo corona vírus terá reflexos negativos nas relações comerciais entre o Brasil e China e a lição que ficou é de que nosso país precisa ampliar o leque. Este primeiro momento foi fundamental para isso e conseguimos mostrar que a conclusão da Rota Bioceânica será o chamariz para estreitar essas relações”, considerou.
Atual presidente do bloco econômico, o embaixador do Myanmar, Myo Tint, salientou que os países estão alinhados para, juntos, iniciarem negócios com Mato Grosso do Sul. “A intenção é que todos os países e não somente Myanmar consiga exportar e importar com Mato Grosso do Sul”, ressaltou. Embaixador da Indonésia, Edi Yusup falou da localização estratégica do Estado. “Já vimos que Mato Grosso do Sul é um estado bonito, e por ser próximo do Paraguai está na porta de entrada do Mercosul, o que facilita bastante em termos logísticos”, analisou.
Rota Bioceânica
A Rota Bioceânica terá aproximadamente 4 mil km de rodovias que atravessarão o continente sul-americano no sentido leste-oeste, a partir do Porto de Santos, cortando o Paraguai e a Argentina e chegando aos portos chilenos de Arica e Iquique. A ideia é que o corredor seja terminado em 2023. A maior parte do trabalho deverá ser realizada pelo Paraguai, que precisará asfaltar mais de 600 km de suas rodovias, que ainda estavam sem pavimentação. O trajeto terá 2.396 km entre Campo Grande (MS) e Antofagasta, no Chile.
A rota será um atalho de 7.000 km até os mercados asiáticos e deve diminuir em até duas semanas o tempo de viagem das exportações do Centro-Oeste do Brasil até a China, Japão e países do sudoeste asiático. Com a rota, parte da produção brasileira, que atualmente deixa o país pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), será exportada pelos portos chilenos a preços mais baixos. Para viabilizar a rota, Paraguai e Brasil vão construir uma ponte entre as cidades de Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta, no Paraguai, com previsão de início em 2021. Também irá ampliar a BR-267 em Mato Grosso do Sul. A indústria deverá movimentar até US$ 1,5 bilhão por ano para o mercado asiático.
*Informações assecom Fiems