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“Se o Brasil quer ser grande, tem que Forças Armadas Grandes”, diz major da 2ª Cia de Infantaria

Ele faz uma avaliação do panorama do Exército Brasileiro

Major da 2ª Cia de Infantaria, Nélio Moura Bertolino - Elias Dias
Major da 2ª Cia de Infantaria, Nélio Moura Bertolino - Elias Dias

Das 27 opções que tinha, ele optou por comandar a 2ª Companhia de Infantaria do Exército Brasileiro (2ª Cia Inf), em Três Lagoas. Na entrevista da semana, o Jornal do Povo conversa com major Nélio Moura Bertolino, que assumiu no ano passado a 2ª Cia Inf. Ele faz uma avaliação do trabalho realizado e um panorama do Exército Brasileiro.

 

Jornal do Povo – Quem é, e de onde veio o major Nélio Moura Bertolino?

Nélio Moura Bertolino – Sou natural de Barbacena, Minas Gerais. Antes de vir para Três Lagoas estava no Sul-Fluminense, em Rezende, onde trabalhei por três anos na Academia Militar. E, em janeiro do ano passado,vim para Três Lagoas, onde permaneço à frente do comando até o final deste ano.

 

JP– Quanto tempo já está no Exército?

Major Bertolino – Neste ano completei 20 anos. Entrei em 1995, em Campinas, na Escola Preparatória.

 

JP– Como foi à decisão para o senhor vir para Três Lagoas?

Major Bertolino – Quando foi aberto para escolher as organizações militares, tinha 27 opções, e me chamou atenção Três Lagoas. Conhecia muito pouco o Mato Grosso do Sul, mas os companheiros falavam muito bem da cidade e da própria organização militar. Então, pesquisei na internet, e optei por vir para Três Lagoas.

 

JP– E qual a avaliação que o senhor faz da 2ª Companhia de Infantaria de Três Lagoas?

Major Bertolino – Superou muito as minhas expectativas. Estou gostando muito de trabalhar com os soldados aqui da região, pois são jovens disciplinados, trabalhadores que não fogem do serviço. Além disso, gostei muito da integração com a cidade, com a sociedade três-lagoense, que é muito forte. O quartel está aqui há muito tempo, há 91 anos, na verdade já faz parte da cidade, e não tem como desmembrar. Acho isso muito interessante, e sempre que a gente pode, participa das atividades da cidade.

 

JP– E como o senhor analisa a nossa cidade?

Major Bertolino – Vim para Três Lagoas, em 2013, para conhecer, e foi uma grata surpresa. Eu e minha família gostamos muito da cidade, que cresceu muito nos últimos 15 anos, fruto da industrialização. Eu não tenho dúvida que é uma cidade que atende muito nossas opções de lazer e as necessidades.

 

JP – Quais são as atividades realizadas na 2ª Companhia de Infantaria de Três Lagoas?

Major Bertolino – A nossa atividade básica, fundamental, se baseia na mobilização, na conscrição do Serviço Militar Obrigatório, pois todos os anos têm uma renovação dos nossos soldados, que incorporam as fileiras do nosso Exército. Por ano, são cerca de 100 soldados novos que incorporam ao Exército, e nós fazemos todo um trabalho de formação e instrução militar, para que no final do ano estejam preparados a continuar conosco, no nosso efetivo profissional, ou é dado baixa e ele compõe a reserva do Exército. No caso de necessidade, esse grupamento, esse contingente, tem condições de ser mobilizado. Além disso, participamos de algumas operações, a maior delas, aqui na região, é a Operação Urubupungá, que é do Comando Militar do Oeste, que fica em Campo Grande. Temos uma preocupação também com as infraestruturas estratégicas no entorno de Urubupungá, com a Usina de Ilha Solteira, de Três Lagoas, Três Irmãos, de Pereira Barreto, e também com a termelétrica Luiz Carlos Prestes, que faz parte do nosso setor de proteção integrada, que é de responsabilidade de defesa da companhia.

 

JP – Caso tenha a necessidade do Exército entrar em ação para executar esse serviço de proteção, vocês estão preparados?

Major Bertolino – Claro, nós realizamos exercício de adestramento, são planos que temos prontos na companhia e, em caso de necessidade de situação de contingência, temos,como, rapidamente com efetivo da Companhia deslocar para esses locais que citei, e depois também viriam outras tropas do Comando Militar para reforçar, em caso de necessidade ou perturbação maior da ordem nesses locais.

 

JP – Na opinião do senhor, hoje as pessoas sabem bem o papel de atuação do Exército Brasileiro?

Major Bertolino – Acho que sim, não talvez a totalidade, mas as pessoas sabem que as Forças Armadas e o Exército existem para garantir a segurança, a soberania nacional, que é a missão principal nossa, a defesa da Pátria. Logicamente que temos outras missões constitucionais que, às vezes, são muito mais divulgadas, como garantia da Lei da Ordem, que é feito muito no Rio de Janeiro, assim como algumas missões subsidiárias, quando solicitado em apoio a desastres naturais, em apoio e combate a dengue, que aparecem mais na mídia, mas de um modo geral, acho que a população sabe sim da importância das Forças Armadas e da nossa missão.

 

JP – Teve uma época que, em Três Lagoas, o Exército foi parceiro no combate a dengue, o que acha disso?

Major Bertolino – Isso tem sido comum em outras regiões do país. Em caso de epidemia, e se solicitado pela Secretaria de Saúde, solicitamos autorização do nosso comando superior e que, se autorizado, acho válido, porque em minha opinião, o Exército está integrado com a sociedade. Se fosse solicitado aqui em Três Lagoas, não teria problema nenhum.

 

JP– Algumas pessoas comentam que, inclusive, o Exército tem um gasto considerável, e que os militares poderiam ser utilizados com mais frequência, mas na verdade, não é assim que funciona, não é?

Major Bertolino – Exato. Toda a nossa preparação, nosso equipamento, são voltados para um determinado fim, que são as missões constitucionais. A segurança pública cabe aos órgãos de segurança pública, como Polícias Militar, Civil e Federal. Então, quando começamos desvirtuar um pouco a missão das Forças Armadas, não que não possamos fazer, mas a nossa preparação é em defesa da Pátria, e garantir a soberania nacional e defesa das nossas fronteiras. Daí pode se questionar que não existe a possibilidade de acontecer algum problema, mas exatamente, talvez não ocorra, porque o Exército está preparado. Às vezes, o sentido de relevância não é muito grande, mas é fundamental. Qualquer país que pretenda ser expoente, um protagonista no cenário internacional, tem suas Forças Armadas à altura desse status que está querendo ser adquirido, e o Brasil não pode ser diferente. Se o Brasil quer ser grande, tem que Forças Armadas Grandes.

 

JP– Qual o efetivo do Exército de Três Lagoas?

Major Bertolino – O nosso efetivo não é exato, mas gira em torno de 215 militares. Temos incorporado, cerca de 100 efetivos variáveis. O restante são oficiais, subtenentes, sargentos, e cabo e soldados do efetivo profissional.

 

JP- Em parceria com o município, a 2ª Companhia de Infantaria realiza um projeto social que atende as crianças?

Major Bertolino– Isso. Vai completar 17 anos que temos aqui o Pelotão Mirim, que é uma parceria do Exército com a Secretaria de Assistência Social, onde atendemos crianças e adolescentes em dois turnos e é desenvolvida atividade pedagógica, de esporte, de recreação, e outras de ordem unida, na parte de civismo, e é uma grata satisfação.

 

JP- Teve uma época que se comentou sobre a possibilidade de se dar continuidade em algumas ruas que terminam aqui no quartel do Exército, o que acha disso?

Major Bertolino – A maior parte das opiniões é que deve se manter esta área e o bosque, pois é uma área de preservação. Não é toda cidade que tem uma mata dessa, conservada praticamente no centro da cidade. E nós utilizamos essa área, inclusive, tem local de instrução, pista de progressão, e nós preservamos essa área.