A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), em Três Lagoas, orçada em R$ 3,9 bilhões, não contribui para o caixa da empresa até 2016, por isso vai manter a obra parada. O anúncio foi deito durante conferência com analistas de mercado, no Rio de Janeiro, na última quinta-feira, 29.
A Petrobras já investiu R$ 3,21 bilhões na construção da fábrica de fertilizantes. Embora algumas pessoas de Três Lagoas que estiveram no canteiro de obras da UFN 3, digam que faltam mais da meta da obra para a fábrica ser concluída, Graça Foster disse que o empreendimento está 85% concluído.
Apesar do montante gasto até o momento na obra, R$ 3,21 bilhões e, de ter dito por diversas vezes que essa fábrica seria importante para reduzir a dependência de importação de fertilizantes pelo Brasil, a presidente da Petrobras declarou nesta semana que, a intenção da estatal é reduzir o ritmo dos projetos que "trazem pouca ou nenhuma contribuição para o caixa da empresa" neste ano e, em 2016.
Durante a conferência, Graça Foster anunciou que irá cortar investimentos da companhia a ponto de reduzir a carteira de exploração de petróleo "ao mínimo necessário" e que irá também desacelerar o ritmo das obras da refinaria em construção em Itaboraí, região metropolitana do Rio.
UFN 3
Além disso, anunciou que a Petrobras também manterá parada a obra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados, em Três Lagoas. A obra está parada desde o final do ano passado, quando a estatal rompeu contrato com o Consórcio UFN 3 – formados pelas empresas Galvão Engenharia e a chinesa Sinopec. A Galvão é uma das empresas envolvidas na Operação Laja Jato.
Mesmo dizendo que a obra está 85% concluída, ou seja, na visão dela, faltam 25% para os serviços serem concluídos, disse que a licitação para a conclusão da UFN 3 será "conduzida com a velocidade necessária". Pela declaração da presidente, essa obra não deve ser retomada neste ano e, tampouco entrar em operação em 2015, ou até mesmo em 2016.
A previsão inicial era de que a UFN 3 entrasse em operação em setembro de 2014, depois adiaram para dezembro do ano passado e, por último, para o primeiro semestre de 2015. Entretanto, com a paralisação das obras e rompimento de contrato com o Consórcio, esta fábrica poderá entrar em operação depois de 2016.
Essas são algumas das medidas, ainda não detalhadas, que indicam o caminho que a empresa vai tomar para cortar os investimentos em 30% este ano, dos US$ 44 bilhões anteriormente previstos, para cerca de US$ 33 bilhões. A ideia da empresa é reduzir o ritmo dos projetos que "trazem pouca ou nenhuma contribuição para o caixa da empresa" neste ano e em 2016.
No encerramento da teleconferência, a presidente da Petrobras tentou passar uma mensagem de otimismo e de segurança com o futuro da companhia diante dos desafios decorrentes da identificação da corrupção, que se suspeita que tenha ocorrido dentro da empresa por oito anos, entre 2004 e 2012. Graça falou que esses desafios obrigarão a Petrobras a fazer ajustes "de uma forma segura, saudável" que envolverão um "aperto no cinto" e uma "redefinição do tamanho da estatal".
REUNIÃO
Na próxima quarta-feira, 4, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) tem uma reunião agendada com a presidente da Petrobras para tratar, inclusive, sobre a paralisação das obras da UFN 3. A prefeita Márcia Moura e o presidente da Associação Comercial, Atílio D’ Agosto também vão estar presentes nesta reunião para cobrar, principalmente um posicionamento de Graça com relação ao pagamento dos fornecedores de Três Lagoas. Conforme já amplamente divulgado, o Consórcio UFN 3, responsável pela obra até o final do ano passado, deve mais de R$ 20 milhões para empresários de Três Lagoas.