Veículos de Comunicação

Rural

Setor de turismo abre potencial de negócio para agricultura familiar

Possibilidade está sendo testada na maior feira de turismo do país

Potencial está sendo testado com a participação de dez expositores da agricultura familiar na 46ª Feira da Associação Brasileira de Agências de Viagem - Divulgação
Potencial está sendo testado com a participação de dez expositores da agricultura familiar na 46ª Feira da Associação Brasileira de Agências de Viagem - Divulgação

A inserção do turismo nas práticas da agricultura familiar brasileira proporciona uma expansão e desenvolvimento dos negócios dos produtores familiares. A atividade turística ajuda ainda na divulgação dos produtos e no contato direto com o consumidor para comercialização, que é considerada um dos gargalos da produção da agricultura familiar.

Para a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), o turismo no Brasil é um setor que tem muita ainda a ser explorado e, segundo ele, a agricultura familiar tem um potencial no âmbito não apenas do turismo rural, mas da gastronomia. 

Esse potencial está sendo testado com a participação de dez expositores da agricultura familiar na 46ª Feira da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav Expo), evento que prossegue até sexta-feira (28) na capital paulista. A presença da agricultura familiar na feira, considerada a mais tradicional do setor de turismo no país e a maior do segmento na América Latina, está sendo apoiada pela Sead e pelo Ministério do Turismo.

“A agricultura familiar tem que ser muito divulgada. Hoje, 70% do alimento que vai para a mesa do trabalhador [brasileiro] vem da agricultura familiar. Tem tudo a ver, a divulgação da agricultura familiar com a divulgação do turismo”, acrescentou. A secretaria destacou que há diversidade da produção familiar distribuída por todas as regiões do país, pelos diferentes biomas.

“Nós precisamos divulgar nossos produtos, nossos agricultores familiares precisam abrir o mercado, precisam vender seus produtos, não adianta só o governo federal dar condições para ele produzir mais, facilitar a compra, facilitar a produção, mas se ele não tiver a comercialização que é um dos gargalos da agricultura familiar. O turismo é mais um mercado que nós estamos abrindo, mais uma trincheira que nós estamos abrindo, e o nosso agricultor familiar tem um canal de venda para seu produto”, disse.

Roteiro turístico

O agricultor Ricardo Edson Fritsch, que integra uma cooperativa criada em 2004, avalia que o turismo agrega valor à produção e ajuda no desenvolvimento econômico da agricultura familiar. Os cooperados desenvolveram o roteiro Sabores e Cafés da Colônia no interior de Rio Grande do Sul, a 80 quilômetros da capital Porto Alegre, em que o turista pode conhecer a produção familiar de geleias, pães e cervejas, além de artesanato e atividades em meio à natureza.

“Com isso [a aliança entre turismo e agricultura familiar], o agricultor melhora a propriedade, vai evoluindo, aperfeiçoando a propriedade para receber o turista. O turismo ajuda a desenvolver, ajuda a sustentar”, disse Fritsch. “Hoje, o filho do agricultor não faz só ensino médio, ele vai para o ensino superior e tudo tem custo. O filho do agricultor também tem celular, notebook, tudo isso tem custos. Essas melhorias não são luxo, isso o agricultor também tem direito, isso ele só consegue com renda e o turismo faz isso acontecer”, avaliou.

O agricultor destacou que o desenvolvimento da agricultura impulsionado pelo turismo faz com que os jovens se mantenham na produção rural. “Esse é o nosso grande desafio hoje, o envelhecimento na agricultura. Com isso [desenvolvimento], os jovens ficam, porque eles conseguem perceber que alguma coisa está acontecendo, porque o pai dele tem uma outra visão de mercado, tem uma outra visão de produção”.

“Hoje, os agricultores são levados a escolas para darem palestra ou somos visitados pelas escolas porque nós somos os inovadores, o que vem despertando aos nossos filhos o interesse maior em ficar na propriedade. Estamos mostrando [para meu filho de 14 anos] que existe essa possibilidade e que ela é rentável”, contou. (Com informações da Agência Brasil)