A média de caminhões transitando na fronteira entre Brasil e Bolívia a partir desta semana triplicou. Essa situação está causando grande congestionamento, com longas filas de veículos pesados principalmente em Puerto Quijarro, que fica a 10 km de Corumbá. Além dos impactos econômicos, com cargas demorando para serem exportadas para o Brasil, o transporte diário de veículos dos moradores da faixa de fronteira está prejudicado.
Diariamente, são cerca de 700 caminhões que cruzam a fronteira em ambos os sentidos. Agora, são em torno de 2,1 mil veículos que precisam passar pelos procedimentos de aduana e esse volume não está sendo absorvido pela estrutura existente na região de fronteira.
Em Corumbá, a área de fronteira tem quatro faixas para o tráfego de veículos e um posto da Polícia Federal com três guichês. Porém, na ponte que separa os países, há espaço para apenas dois veículos por vez. Quando há caminhões, muitas vezes só um consegue atravessar.
Já do lado da Bolívia, a área de travessia comporta três faixas para veículos. Essas condições físicas criam ainda mais complicações e aumenta a demora para a travessia. Como exemplo, conforme transportadoras em Corumbá, há 35 caminhões que aguardam mais de 24 horas até a tarde desta quinta-feira (21) para carregarem no Brasil.
Nessa região de fronteira, há o transporte de soja, ureia, couro, carne, combustível entre outros produtos. Eles geralmente são escoados pela hidrovia do rio Paraguai entre Bolívia e Brasil.
Conforme apurado, a Hidrovia Paraguai-Paraná (HPP) deixou de ser uma opção de transporte para produtos vindos da Bolívia para o Brasil e deve causar um impacto de US$ 100 milhões, que é valor estimado a ser transportado. Por meio terreste, o custo aumenta. O sistema hidroviário no Brasil é uma das principais vias para o comércio exterior da Bolívia realizar a exportação via Oceano Atlântico.
O Canal Tamengo, que fica na divisa do Brasil com a Bolívia, está com nível médio de 1,5 m a 2 metros e essas condições inviabilizam a navegação segura. A retomada desse sistema está prevista para ocorrer somente em janeiro de 2022.
Por nota, a Câmara Nacional de Indústrias Oleaginosas de Bolívia (Caniob) divulgou que a histórica seca no canal da Hidrovia Paraguai-Paraná impossibilita a realização de exportação. A paralisação das operações ocorreu em setembro e atingiu principalmente o setor a partir de Puerto Quijarro, que fica na divisa com Corumbá.
A Caniob informou que em 2019 movimentou 970 mil toneladas de produtos, equivalente ao valor de US$ 320 milhões na balança comercial.