O primeiro estudo de viabilidade econômica da Malha Oeste, operada pela Rumo/ALL e que integra o “Pacto pelo Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul”, descarta a desativação da ferrovia no Estado. No entanto, um investimento bilionário terá que ser feito no setor. A desativação tem sido cogitada desde o mês de junho, quando a empresa responsável pela ferrovia demitiu mais de 100 funcionários e deixou de fazer o transporte de combustível no Estado. Na época, o Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários denunciou que a empresa estava desativando a ferrovia e que os trens circulariam apenas até Três Lagoas.
Após a repercussão da denúncia, o governo do Estado chamou a empresa para uma reunião, quando ficou decidido que um estudo seria realizado e apresentado em 60 dias para evitar a desativação da ferrovia. A Assembleia Legislativa do Estado chegou a cogitar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o contrato de concessão com a empresa antes do término previsto.
Na manhã de ontem, o estudo foi apresentado ao governador Reinaldo Azambuja e aos deputados estaduais e federais. O material apresentado teve o respaldo do Instituto de Logística e Supply Chain, empresa que analisou a demanda do potencial de transporte ferroviário da região, avaliando a produção e o consumo no Estado. O levantamento também contou com o apoio de especialistas em logística, representantes do governo estadual, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), da Associação Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), da Rumo ALL, da Ferroviária Oriental da Bolívia, da Ferrovia Tereza Cristina e da Transfesa.
“O risco de encerramento da ferrovia foi descartado. Nós vamos ter um projeto para reativação da Malha Oeste da ferrovia. Mato Grosso do Sul tem volume de carga suficiente para viabilizá-la e, agora, temos que sentar com o setor produtivo e mostrar que, com a tarifa do setor, é possível transportar pela ferrovia”, destacou o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Jaime Verruck.
O estudo aponta que, para o plano ser colocado em prática, é necessário um aporte financeiro de R$ 1,9 bilhão. “Existe um primeiro salto de volume com nível de investimento e serviço adequado para a demanda, mas ainda precisamos de pontos importantes que dependem de ações em conjunto do grupo, do governo federal, da agência reguladora, do BNDES e do governo do Estado para garantir a viabilidade da ferrovia. Com a união de todas as forças vamos atingir esse objetivo”, avaliou Daniel Rossi, responsável pelas Relações Institucionais da Rumo All.
Indústria de celulose de Três Lagoas pode ser beneficiada
De acordo com o estudo, a grande oportunidade para a Malha Oeste está no setor de papel e celulose. Além do volume já transportado hoje em dia pela ferrovia, a viabilidade passa pela expansão da produção na região de Três Lagoas e pelo novo projeto em Ribas do Rio Pardo. Outro desafio, segundo o levantamento, está no crescimento expressivo do transporte de combustíveis no Mato Grosso do Sul por ferrovia. O estudo contempla ainda o aumento da captação da carga geral produzida e consumida no Estado, além da manutenção das cargas atuais, como o minério da região de Corumbá.
Conforme o levantamento, é necessário que o volume transportado passe de seis milhões de toneladas por ano para 14,5 milhões de toneladas anuais para sustentar a viabilidade da ferrovia na região. Os recursos devem ser investidos em obras de infraestrutura e superestrutura, adequação de pontes e passagens em nível, extensão e construção de pátios e aumento de carga por eixo, além da compra de mais de 70 novas locomotivas e mais de dois mil vagões.
Para garantir a viabilidade do projeto, seria necessária a realização de 100% do volume potencial em contratos de longo prazo, redução do custo fixo, isenção de impostos, a definição de uma linha de financiamento adequada e a extensão do prazo de concessão para amortização dos investimentos.